1. Pedro Lemos - Horta do Chef
    ©DRA horta do chef
  2. Pedro Lemos
    ©João SaramagoRestaurante Pedro Lemos

Crítica

Pedro Lemos

5/5 estrelas
  • Restaurantes
  • preço 4 de 4
  • Foz
  • Recomendado
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A Time Out diz

Pedro Lemos é, quem diria, engenheiro de formação. Mas não é por essa via que o seu talento é conhecido. O seu percurso cedo virou para os tachos e, depois de ter aprendido com Castro e Silva, Hélio Loureiro e Aimée Barroyer ( que saudades do Pestana Palace…), assumiu-se como chef na Quinta da Romaneira. 
Daí à abertura do seu Pedro Lemos foi um tiro. E na mouche. Recentemente foi considerado pelo famoso Matt Kramer, da Wine Spectator, como o melhor chef do Porto e escolhido, juntamente com George Mendes (Aldea, Nova Iorque) e Rui Correira (Restaurante Douro, Nova Iorque), para as comemorações do 10 de Junho em Nova Iorque.

Voltas e reviravoltas que para aqui não contam. O que conta é que o Pedro Lemos está novamente em grande forma e completamente focado na sua primeira casa, na Foz, depois de uma passagem menos feliz pelos Clérigos.

Para quem não conhece, o espaço de um antigo bar fozeiro chamado Pifo. O “Pifo” foi grande de mais e pifou. No emaranhado de ruas, ruelas e vielas em plena Foz Velha, encontramos esta fachada em granito bem tratado com um pequeno telheiro a dar um toque rústico-chique. Lá dentro,, ambiente requintado, cosy, british, romântico e charmoso, com madeiras e papel de parede em tons quentes e um fogão de sala. Com novidade,a possibilidade de se almoçar ou jantar no simpático terraço do piso superior, ao lado da horta das aromáticas do chef.

Actualmente, estão apenas disponíveis menus de três (55€), cinco(70€) e sete pratos (90€). Ao almoço, estes valores descem para 20€ e 30€ (3 e 5 pratos).

Como pré-entrada, uma sopa fria de melancia com manjericão, erva-doce ( pareceu-me…), e um pequeno tártaro de atum com sementes de sésamo em wasabi e cebola roxa muito picada. Fresco, atum de belíssima qualidade - os cumprimentos do chef foram bem recebidos.

Nas entradas, o Ovo, Morilles e Pequenos Legumes da Quinta do Poial, com o ovo cozinhado a baixa temperatura, clara ainda gelatinosa, gema a rebentar por cima dos micro-legumes e das ervilhas - um ramalhete perfeito. Gostei mesmo muito. Por momentos lembrei-me da Galinha dos Ovos de Ouro de José Avillez.

O Foie Gras & Barbeiro 96, com brioche caseiro, cereja e cardamomo estava igualmente impecável. O foie polvilhado com flor de sal, barrado no brioche, com a doçura da cereja confitada por cima - uma criação harmoniosa, um belo equilíbrio de sabores e bom gosto.

Para finalizar as entradas, o salmonete no ponto de cozedura perfeito assentava numa cama de choco cortado em quadradinhos, a criar uma textura interessante, as alcaparras a despertar o palato e o molho dos figados a trazer mineralidade. Apenas achei que a pasta de azeitona galega era forte e salgada demais e estava ali sem se saber muito bem porquê.

Nos pratos principais, o Atum Patudo (BigEye) com legumes biológicos, espargos selvagens e beldroegas, estava de ir ao céu.

Atum dos Açores espectacular, ligeiramente braseado, quase cru por dentro, carne firme por fora e ao mesmo tempo a desfazer-se na boca. Divinal, tudo no sítio, espargos e legumes a amparar o jogo na perfeição. Apeteci-me bater palmas e gritar iuuuupiiii.

O Pargo Capatão, novamente imaculado, carne firme, pele crocante e estaladiça, sabor a mar, cogumelos cantarelos rijinhos, bem salteados, flor de curgete cheia de sabor e um puré de aipo. Outro grande prato. Ainda fui ao Cordeiro, que sabia a cordeiro como se impõe. Carne tenra, rosada, acompanhava com favinhas crocantes, fundo de carne, pedacinhos de cebola, toucinho fumado e uns cuzcuz para acalmar. Maravilhoso.

Nas sobremesas, o Yuzu (uma espécie de tangerina originária do Leste da Ásia), Goiaba e Suspiro era bastante cítrico e ácido no seu conjunto e pedia a mistura com o sorvete de goiaba com o suspiro.

Terminei com uma selecção de queijos portugueses (suplemento de 16€ ao jantar e 10€ ao almoço), que tinha Serra, cabra e Ilha de São Jorge de cura de nove meses. Acompanhava apenas com bolachas de água e sal.

Este Pedro Lemos está em grande nível, com grande consistência nas propostas que apresenta, grande esmero e controlo técnico do que faz; emoção sem invenções disparatadas e com uma equipa extremamente afinada e rodada, que suporta a sala de uma forma irrepreensível e sem formalismos em excesso. Bravo!

*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

Detalhes

Endereço
Rua Padre Luis Cabral, 974
Porto
4150-459
Preço
Mais de 50€
Horário
Ter-Sáb 12.30-15.00; 19.00-23.00
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