Já não se aguentam restaurantes com “alheira em cama de grelos” no menu. Quase tudo o que é taberna moderna de petiscos tem a sua alheira em cama de grelos.
Percebe-se porquê. Alheira é bom e nem sal precisa. É só pôr lume e depois sofisticar o prato com um nome de escola de hotelaria.
Dito isto, alguns restaurantes conseguem dar cabo de uma coisa destas. E o Porto Meu é um deles. Numa visita recente ao restaurante da Rua da Picaria, o enchido vinha com a pele mole e sem cama nem colchão. Os grelos surgiram no meio da alheira – uma entrada (!!) desoladora, feia e quase tão fria como o espaço (a única fonte de calor da sala principal, nas traseiras do restaurante, parecia vir de um aquecedor de esplanada).
Mas o sítio anuncia-se como The Meat Point, o que deixaria uma leve esperança de que as carnes salvassem a honra. Esperança gorada. Experimentei um bife da vazia sem textura nem sabor e um cachaço de porco preto que cumpriu sem brilho. Para sobremesa, veio um cheesecake de “frutos do bosque” servido em copo, com a base de bolacha aguada.
Em síntese, comida entre o banal e o fraco, decoração sem graça, preços puxadotes (20€, em média, por refeição). Um restaurante que nada acrescenta à magnífica Rua da Picaria. Antes pelo contrário.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.