No mundo dos restaurantes étnicos, sou pouco adepto das fusões. Desconfio de italo-indianos, dos que têm cozinha do mundo mas que tendem a cair para um país em específico e, como tal, desconfiei desta fusão Portugal-Índia – por mais histórica que seja. Também estranhei o indiano chique que é o Portugandhi. Estranhei ainda mais quando os papadoms vieram com quatro molhos: tâmaras e tamarindo, iogurte e menta, picante e frutos vermelhos. Os três primeiros estavam óptimos, o último, mais normal.
Nesse minuto decidi que ia ignorar o lado nacional da ementa – apesar de serem poucos pratos. Escolha acertada. Óptimos os cheese nans, com muito queijo derretido, massa mais tostada nas bordas; ligeiramente secas as chamuças de frango, apesar do bom sabor das especiarias; e bem gulosos os onion bhaji, rodelas de cebola envoltas em farinha de grão, e os harabara kebab, espinafres envoltos em farinha de grão.
De pratos principais, achei por bem não inventar. O dono gabou-se do chicken tikka massala e fui na conversa. Ainda bem. Delicioso, dos melhores que tenho comido. Com a carne tenrinha e molho bem apurado. Mais picante, mas também guloso, o lamb madras, um caril de borrego à moda do sul da Índia. Um e outro a deixar algum molho para acabar as duas tigelas de bom arroz perfumado.
De sobremesa, e na Índia sê indiano, a bebinca da casa com gelado de rosas. Nada do outro mundo. Foi pena. Por 25€ à cabeça, com vinho da casa, pela qualidade da Índia, estou disposto a ignorar a fusão de países.
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