Há um novo tipo de dono de restaurante que prolifera. Pode ter formação em direito ou em microbiologia, gestão ou engenharia, mas do que ele realmente parece gostar é de design. O novo empresário da restauração sabe de cadeiras girinhas, sabe escolher uma fonte de letra moderna para o menu e tem até ideias para o grafismo do site. Muitas vezes é audiência do Querido, Mudei a Casa, conhece o catálogo actualizado da Area e do Ikea e sempre que pode introduz um elemento vintage ou uma nota de improviso home made na sala. Outra coisa que o distingue é o cuidado na escolha da louça: excita-se mais com o tachinho à la Cruiset do que com os rojões que lá vêm dentro (tenros mas desenxabidos). E há ainda o display dos pratos, é importantíssimo montar a comida com estilo: ovinhos sobre alheira (moles, cozidas), presunto sobre espargos (importados, grossos como troncos), sob canónigos, (muitos canónigos, canónigos por todo o lado). Por fim, o novo empresário da restauração só sabe fazer sobremesas em copinhos e comunica isso como algo original: por exemplo, o tiramisù (desconstruído, claro) são uns palitos de la reine secos misturados com pedaços de chocolate, doce de framboesa (!), e por cima o “apontamento” (empregado dixit): um golpe de vinho do Porto (espasmo nas papilas à primeira colherada).
Não tenho nada contra designers ou pseudo-designers. Mas se não percebem de cozinha, brinquem ao Gustavo Santos lá em casa. E poupem-nos. No caso, 22 euros.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.