Foi um bonito começo, mas nem todo o queijo do mundo me vai fazer esquecer que a refeição, infelizmente, descambou. E a coisa até tinha um potencial do caraças. Na Rua do Bonjardim, com uma invejável montra de queijos de todo o lado mesmo à entrada e uma carta pensada pelo chef João Pupo Lameiras, este espaço tinha tudo para dar certo. Mas não tinham o vinho que queríamos, não tinham o ovo escocês, não tinham o tártaro de beterraba. Tinham, sim, coisas que eu não queria comer mas que por força das circunstâncias (era domingo, o restaurante estava vazio e a cozinha pareceu-me um tanto ou quanto preguiçosa) lá tivemos forçosamente de pedir.
A tábua de três queijos, com um São Jorge com 36 meses de cura, com aqueles cristaizinhos formados à superfície, cheios de umami; um de ovelha pastoso, vindo de Seia; e um de mistura, fez as honras (9,50€). Vinha com uma doce compota de cebola, bastante boa, nozes caramelizadas, a dar um toque crocante, e uma cesta de pão. O conjunto quase me fez esquecer o trôpego arranque.
Os croquetes que se seguiram, recheados com o mesmo queijo de Seia, tinham um bom rácio entre este, que escorria à primeira dentada, ainda quente; bocadinhos de bacon a dar textura; e cebola refogada, a fazer lembrar os cozinhados de casa (5€). Gordos mas com uma fritura impecável.
O resto não impressionou. O rosbife de boi com ervas e queijo parmesão, uma dose mínima mais parecida com uma entrada do que com um prato principal, não deixou grande memória (10,50€). Fatias muito finas num molho aguado, ervas insípidas e queijo. As chips de batata doce, ao lado, pareciam ter saído de um pacote. O xarém com (quatro!) gambas e queijo amarelo estava OK, mas o milho pouco sobressaia, apagado pelo sabor forte e intenso do queijo. Apesar de poucas, as gambas estavam no ponto (10,50€).
Pedimos uma torta de laranja na tentativa de salvar um pouco a refeição. Mas foi pior a emenda do que o soneto. Veio fria, prensada e rija, com uma bola de sorvete de laranja que parecia ter saído de um boião de supermercado (5€). Uma pena.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.