O proprietário deste Reitoria estudou hotelaria em Lausanne e animou-se com a agitação da movida portuense para se lançar no primeiro projecto da sua carreira.
O espaço, junto ao Largo Moinho de Vento e bem perto da Reitoria da Universidade do Porto, não podia estar mais bem conseguido. Afirma-se como Wine Bar e Steak House e instalou-se num bonito prédio portuense do séc XIX restaurado a preceito, com uma bela varanda com oliveiras a embelezar o cenário. Duas mesas em madeira de ripas largas e ferro convidam a um copo no exterior e a uma das focaccias feitas na casa. Experimentámos a de salame picante com rúcula, a ligar muito bem com o sabor do azeite e do alecrim. A de rosbife estava igualmente deliciosa, com o rosbife rosado, frio, como eu gosto nas sandes, e o tomate e a mozzarella por baixo a amparar o jogo. Que bom começo.
No 1º andar o ambiente é mais refinado. Mesas com tampo em mármore, sem toalhas, globos de luz a imitar os anos 40, simplicidade de linhas, portadas em madeira, janelas de guilhotina e um espelho a encher a sala. Aos fins-de-semana podemos jantar até tarde e depois passar ao bar. Escusado será dizer que a reserva é obrigatória. Na mesa espera-nos uma manteiga, gressinos home made e azeitonas. Os gressinos foram os melhores que já comi.
A carta é curta e privilegia a carne nos seus vários cortes. Experimentámos a Alcatra da Austrália (12€), irrepreensível na forma como foi tratada. Passou pela grelha e pelo forno e acabou cheia de sabor e sucos. O T-Bone 600g de Portugal (32€) dá para duas pessoas, mantém o altíssimo nível de qualidade da carne e no ponto da assadura. É de ficar agarrado ao osso a noite toda.
Tudo tratado apenas com sal como convém e apresentado com um tomate no forno bem confitado e a ligar lindamente com a carne.
Fomos ainda ao Cachaço de Porco Preto (Portugal - 12€), em fatias finas, muito bem grelhado e com uma gordura tão saborosa que ainda hoje me lembro dela. Nota máxima.
Todos os pratos têm acompanhamentos extra, como a Polenta com Azeite Trufado (3€) que na minha opinião precisava de estar um pouco mais granulada; as Batatas Assadas à Reitoria (2€), que vinham em pequenos gomos bem assados; ou uma boa salada de alface para refrescar. Nos molhos, destaque para o Holandês, feito na cozinha e não desses industriais.
Por fim, as sobremesas. A taça de suspiros (6€) estava grandiosa, com os suspiros estaladiços envolvidos por umas natas pouco doces, num conjunto equilibrado de lamber os beiços.
Serviço impecável, simpático e conhecedor.
Só não leva nota máxima por dois motivos. O primeiro pela demora que os pratos chegam a mesa, que pode ser um problema grave para os mais impacientes. O segundo pela facto de os pratos terem chegado numa temperatura abaixo da recomendável. Se já vinham mornos, rapidamente ficaram frios. Afinem-se estes pontos e temos uma casa de referência, única na cidade. Para quem gosta de carne a sério é obrigatório experimentar.
Então malta e para o Reitoria não vai nada, nada, nada? Tudo!
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.