Devo confessar que já lá iam uns anos desde a última vez que tinha entrado num restaurante chinês tão típico quanto este. Ok, vou exemplificar. A decoração é a característica dos anos 80, há fotografias na ementa, há chop sueys, galinhas fritas (ou "flitas", como os adolescentes gostavam de sublinhar no pedido), bananas fritas (flitas), talheres para quem não se ajeita com pauzinhos, tudo. Ou melhor, tudo aquilo que os anos zero deram cabo (em muitos casos, bem dado) e que deu origem aos buffets de sushinês.
Foi assim, receoso, que fiz o primeiro e mais óbvio pedido: "um crepe, s.f.f." (um clepe! – bom, é a última vez, até porque aqui o serviço faz-se bem e em português). Boa massa, sem excesso de óleo, recheio impecável, com pedacinhos de carne, rebentos de soja, alho francês, cebola. Vieram depois uns dim sum de camarão, caseiros, esse toque a fazer-se notar pela massa exterior, com um recheio saboroso. Provei também a sopa ácido-picante, boa, sem falhas e, numa das visitas, um pato à Pequim. Tirando os crepes, mais finos e menos perto dos originais, gostei. Pele estaladiça, carne no ponto, alguma gordura a dar sabor, aipo e bom molho. Num outro dia, quis-me manter fiel ao pato e pedi o pato com laranja. Excelente, com muito sabor, a pele de novo a estalar. Provei uma carne de vaca na chapa sem história e acompanhei tudo com arroz chao chao. Do bom. De sobremesa veio uma banana fa-si normal, também.
Resumindo, saí satisfeito, gastei pouco, 15€ por pessoa com Tsing Tao a acompanhar, e matei saudades da velha guarda chinesa. Da restauração, claro.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.