Uma das coisas boas que a internet deu ao mundo foi o YouTube. E uma das coisas boas que o YouTube deu ao mundo foi a resposta, em vídeo, a qualquer coisa que se lhe pergunte sob as palavras “how to”. Desde montar móveis específicos do IKEA a comer Kit Kat como as manas Kardashian (1m47s com quase dois milhões de visualizações), desde tutoriais de beijos a, e é isto que me traz aqui hoje, comer ramen como deve ser. Para quem nunca o fez na vida (eu própria até há quatro ou cinco anos), recomenda-se uma passagem pelo YouTube antes de uma ida ao RO, numa transversal aos Aliados.
Não é uma ciência desconhecida, mas exige, antes de mais, algo que é raro fazer-se à mesa: sorver. Primeiro o caldo, que é para ser bebido da tigela, depois os noodles e tudo o que venha lá mergulhado, sempre sem pudor de fazer barulho. Depois, é esquecer o não-comas-depressa-que-te-faz-mal e tentar acabá-lo enquanto está mesmo quente. Lição dada, passe-se à crítica.
Fui ao RO – projecto assinado por João Pupo Lameiras (consultor do LSD e da Casa de Pasto da Palmeira) com outros sócios – duas vezes e das duas vezes pedi ramen. Sempre num menu de almoço que é um excelente negócio para quem lá vai (com bebida, ramen, gelado e café). Provei o Tantan, com caldo de frango, noodles, cachaço, porco picado, sésamo, chili, ovo, ceboleto e alga nori, muito aromático, levemente picante, com bom cachaço, a carne a desfazer-se, ceboleto fresco a dar sabor ao caldo, o ovo no ponto e os noodles idem – disseram-me que vêm de um restaurante especializado em noodles dos Estados Unidos. Não delirante, mas bastante bom. E provei o veggie, com um caldo vegetariano, tempura de shitake, ovo (outra vez no ponto), bimi – um cruzamento entre um brócolo e uma couve chinesa –, alga nori, milho, ceboleto e vários cogumelos. O caldo menos aromático, mas igualmente bom. De sobremesa uma espécie de salame de chocolate branco com wasabi nuts e bolacha Maria, mais um bombom que outra coisa, mas muito bom.
Pelo ramen, então, este RO vale a pena. Pelas outras coisas – RO significa ramen e outros – terei de voltar em breve. E talvez ir ao YouTube estudar algumas lições antes.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.