1. Restaurante, Shiko, Cozinha Japonesa
    Fotografia: João SaramagoShiko
  2. Shiko - Prato
    Fotografia: João SaramagoO Shiko é uma tasca japonesa
  3. Restaurante, Shiko, Cozinha Japonesa, Shashimi
    ©João SaramagoNo Shiko o universo da comida japonesa vai muito além do sushi

Crítica

Shiko - Tasca Japonesa

4/5 estrelas
  • Restaurantes | Japonês
  • Batalha
  • Recomendado
Publicidade

A Time Out diz

O restaurante Quarentae4 era um dos locais de Matosinhos onde eu mais gostava de comer sushi e sashimi. Quando soube que Ruy Leão tinha partido, no final do ano passado, logo tentei perceber qual iria ser o seu futuro. O primeiro projecto chama-se Shika, é uma mota de street food e a última vez que a vi estava estacionada a servir boa comida japonesa num dos melhores cenários da cidade, o Passeio das Virtudes. O Shiko aparece logo a seguir e tem a originalidade de servir petiscos em pequenas porções num ambiente relaxado e airoso.

Em frente à Universidade Lusófona, perto da Praça da Batalha, tem mesas com tampos de mármore, guardanapos de papel, copos que ligam bem com a excelente limonada que fazem e umas almofadas coloridas no banco corrido de madeira que suporta a maior parte dos vinte e poucos comensais que o Shiko consegue albergar, num espaço que tem a desvantagem de ser algo escuro.

No couvert (1,90€ por pessoa) provei tofu frito com sésamo preto e branco e um agradável molho agridoce que realça o pouco sabor do tofu; provei tempura de tomate cereja, cujo crocante da fritura ligava muito bem com a acidez sumarenta do tomate; e uma taça com edamame cozido, sal por cima e textura de tremoço a ligar bem com uma cerveja Sapporo geladinha. A meio da tarde, na esplanada, também me parecem ser uma aposta vencedora.

Começámos com a tempura de caranguejo (8€), com o caranguejo de casca mole brilhantemente frito, estaladiço, onde tudo se come à mão até à última migalha (fez-me lembrar o rascacio da Casa Marcelo, em Santiago de Compostela). Tinha um toque limonado e fresco do gengibre e do molho ponzu de citrinos. A carne estava macia e o sabor tinha intensidade a marisco. Que bom!

Seguimos com o nikkei (5€), ou ceviche, feito nesse dia com salmão, dourada e peixe-porco, que podia estar mais equilibrado nos sabores. Talvez pela marinada levar – além da lima, cebola roxa e salicórnia para salgar (também chamada espargo do mar por crescer nas salinas) – vinagre de arroz, estava com uma acidez algo exagerada e faltava alguma coisa, como por exemplo, wasabi ou molho de soja, como na receita do famoso chef Nobu Matsuhisa, seguida por Harry Sasson em Bogotá.

O okonomiyaki (5,30€) é uma panqueca grossa e consistente, recheada com marisco, cebolo, cebolinho, bacon, nori e um delicioso molho agridoce que encimava este petisco servido numa pequena frigideira redonda. Não deve deixar de ser provada, pois todos os sabores e texturas se conjugam de uma forma deliciosamente harmoniosa entre o salgado e o doce.

Os noodles yakisoba (7,50€) são uma massa japonesa salteada com um guisado de carne de vaca, cenoura e feijão verde finamente laminados e pouco cozidos para ficarem crocantes, cebolo laminado e o que me pareceu ser feijões de soja tostados. Havia um molho de soja e um adocicado, que fechavam bem um prato simples e reconfortante.

Fechámos com o escândalo (5,50€), um sushi frito com salmão, e foi o que menos gostei. O salmão pareceu-me cozinhado de mais, não sei se intencionalmente, se pela fritura, e tinha um sabor estranho a salmão no forno em forma de sushi. Uma invenção algo enjoativa.

Nos doces, deixo a crítica de nada terem a ver com a cozinha japonesa. Toda a doçaria japonesa tem índices de açúcar muito, mas mesmo muito baixos e não seria difícil apresentar por exemplo na carta um bolo castella, que tem influências portuguesas e é uma espécie de pão-de-ló rectangular húmido e muito fofo, ou os famosos wagashi, pequenos doces japoneses, nas suas mais diversas e variadas formas. Em vez disso, comemos o açucarado e banal brownie de coco com molho de caramelo (4€) e um bom merengue Miss Pavlova (4,70€) de maracujá e frutos vermelhos.

Serviço discreto mas simpático e conhecedor.

Este Shiko é para ser visitado e desejo que Ruy Leão continue com esta mesma criatividade com que sempre nos brindou. Saí contente e satisfeito com os 30€ que paguei. Irachai Massê!

*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

Detalhes

Endereço
Rua do Sol, 238
Porto
4000-529
Preço
Até 30€
Horário
Ter-Sáb 12.30-15.00, 19.30-23.00
Publicidade
Também poderá gostar
Também poderá gostar