Uma conversa recente sobre a qualidade dos restaurantes tradicionais do Porto e o receio de que a gourmetização subisse à cabeça de alguns empresários da área e fizesse estragos dos grandes fez-me voltar a um clássico da cidade onde sou sempre bem recebido e servido. Eu, qualquer cliente habitual, qualquer estreante ou qualquer turista – aqui fala-se, por exemplo, francês na ponta da unha.
A casa está invariavelmente cheia, a Dona Hermínia está invariavelmente bem-disposta (recebe, conversa e mantém a cozinha debaixo de olho) e o balcão das sobremesas está sempre bem recheado. Tão bem que dá vontade de ignorar tudo o que são salgados e fazer da refeição um grandioso pijaminha de doces.
Mas depois aterra na mesa um prato de rissóis acabados de fritar. Chegam enxutos, a massa fina, o recheio maravilhoso. Ainda não decidi se gosto mais dos de carne ou dos de queijo com orégãos.
No dia em que lá fui com boca de crítico, dividi um empadão de alheira, feito de puré verdadeiro, alheira a desfazer-se e uma camada de grelos mesmo antes de outra fina de puré, bem tostada. Dividi também uns pastéis de bacalhau (os da D. Hermínia têm sempre alguma batata, note-se), com migas de feijão frade, excelentes.
Veio a a mousse, espessa, e um leite creme queimado. Óptimos. Veio a conta, 9€ à cabeça, e veio a mesma certeza que me levou lá: daqui nunca saio defraudado
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