Há muitos ingredientes especiais no mais recente Tapabento da cidade. Poucas mesas em Portugal, mesmo como a estrelada aqui do lado, juntam cogumelos Eryngii, trufa negra, manteiga “das Marinhas” e a muito exótica pimenta nepalesa “Timut”, parecida com a de Sichuan (12€). No prato ressaltam ainda mirtilos e um pão escuro, dispensável mas que não desmerece o conjunto, um belo prato muito por causa do aroma da trufa, do molho beurre blanc elegantíssimo e do cogumelo, bem assado e carnudo, a lembrar um boleto.
Ao jantar, provou-se ainda a sopa cremosa de peixes e camarão selvagem (5€), sem grande presença de peixes, na verdade, e com o marisco a cheirar a fénico. O toque de chef, como se diz agora, veio do “ovo 62 oC”, que se desmanchou gloriosamente na sopa.
Avançou-se depois para uma recomendação da casa. Rodovalho em manteiga noisette (24€), puré de batata doce, carabineiro e mais coisas que completariam algumas linhas desta coluna. A pele do peixe estaladiça, o interior húmido, o puré um doce excessivo e o carabineiro com o mesmo problema fenólico da sopa.
No fim, a jóia da coroa, que foi aliás capa desta revista do mês passado: o brûlée de pipocas (6€), absolutamente genial. Muito bom o leite creme por baixo do vidrado e excelente a ligação com o gelado de pipocas.
Síntese: gastronomia viajada, às vezes complicada demais e com excesso de elementos e de euros; espaço descontraído e confortável; serviço simpático, com destaque para a chefe de sala, uma poliglota cheia de presença de espírito.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.