A Tia Orlanda é da Zambézia e dá a cara, juntamente com a simpática família, a um dos raros restaurantes de comida moçambicana no Porto. Fiz lá dois repastos bem agradáveis.
Começando pelas entradas, pedi chamuças (1€). Bem diferentes das indianas, vinham com uma carne suculenta, coentros, cebola, muito picadinha e picante q.b. As gambas fritas (10.50€, meia dose) haviam sido marinadas num tempero que a Tia Orlanda não desvenda. Muito suculentas, embebidas num molho aveludado.
Nos principais, o tocossado de peixe (7€) era uma posta fina de cherne estufado com tomate e pimento. Teve o defeito de ser com peixe congelado, o que estragou o prato.
O feijão com coco e cogumelos (6€) é um prato vegetariano, mas eu sugiro como acompanhamento. Feito com feijão manteiga, trouxe cogumelos e um molho espesso com o coco. Acompanhado de malagueta verde e limão fica de estalo.
O caril de frango (6.50€) estava muito suave, sem qualquer comparação com o caril intenso e super-aromático indiano.
Ter ouvido a Tia Orlanda dizer a uns clientes que o camarão era do Vietname deixou-me triste. Este marisco é uma das maiores riquezas de Moçambique e é uma pena que num local assumidamente moçambicano isto aconteça. Pelo menos os clientes deveriam ter a opção de, mesmo pagando mais, poder ter os originais dignamente tratados pela Tia Orlanda.
É inequívoco que a simpática Tia Orlanda tem mestria na cozinha. Só é pena a qualidade do produto não acompanhar esse talento.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.