Florença, Arno, Ponte Vecchio
Ponte Vecchio em Florença

Ciao bella Firenze

Para fugir da confusão das ruas portuenses, viajámos até à capital da Toscana em busca de sol e bom vinho. Visitámos todos os clichês turísticos e apaixonámo-nos várias vezes, mas voltámos a casa só pasta na mala

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Ninguém avisa que assim que se aterra em solo italiano é-nos aplicado um qualquer filtro de Instagram nos olhos. Não que Florença precise disso para ser (ainda) mais bonita, mas é a sensação que
se tem: parece que estamos dentro de uma cidade com muralhas (apesar de estas já não existirem), cheia de edifícios robustos e onde é fácil acreditar em contos de fadas e romances históricos com finais felizes.

Por toda a expectativa que arrasta consigo, Florença merece que a primeira paragem seja uma vista panorâmica. E não é uma qualquer. Pode parecer estranho, mas subir à Piazzale Michelangelo – ênfase no subir – oferece muito mais do que um bonito pôr-do-sol. Dali é possível observar todas as razões que fazem turistas dos quatro cantos do planeta eleger esta cidade como a mais bonita do mundo e ter um grande plano dos dias que temos pela frente. Posto isto e uma vez cá em baixo, talvez lhe dê vontade de atravessar o rio Arno a nado só para chegar mais rápido a todos os pontos que identificou como merecedores de uma visita. E são muitos.

Comecemos pela Ponte Vecchio (na foto). Muito famosa, muito cheia de turistas e muito cheia de ouro. Sim, é verdade. Construída na Idade Média e a mais antiga
da cidade, tem mais lojas de ouro por metro quadrado do que a proporção de gaivotas 
por habitante no Porto, comparação que nos deixa momentaneamente mais felizes por estarmos fora.

Daí seguimos para o epicentro turístico, a Piazza del Duomo, onde a Cattedrale di Santa Maria del Fiore assume um papel principal que nenhum outro edifício ousa sequer atingir. Como é que em 1296 alguém pensou que seria possível terminar tamanha megalomania? Provavelmente sentir-se-á durante umas horas como uma formiga se sente a vida toda.

Outra vista impressionante de Florença está a 463 degraus de distância, na Cupola del Brunelleschi, no topo da catedral, desenhada pelo arquitecto que lhe dá o nome. Mas a melhor imagem da principal igreja da cidade em toda a sua extensão só pode ser captada do alto da Campanile di Giotto, a torre do sino. Mais uma vez as pernas são chamadas à acção. São precisos 414 degraus, muita coragem e algum jogo de ombros para lá chegar pelas escadas apertadas e partilhadas por turistas que ora sobem, ora descem.

O Museo dell'Opera di Santa Maria del Fiore é um bom
 sítio para recuperar o fôlego, enquanto descobre toda história da catedral e se apercebe que o termo opera diz respeito à sua construção (obra) e não a uma qualquer ópera que em tempos ali existiu. Se vir algum turista a tocar numa estátua, antes de deixar que a incredulidade (e consequente raiva) o inunde, certifique-se que não é uma própria para o efeito. Sim, este museu é inclusivo ao ponto de ter peças à disposição para serem tocadas. Ora, até mesmo quem tem visão 20/20 pode matar a curiosidade e colocar a mão onde, noutro qualquer museu, não devia.

Cumprido o
 roteiro turístico convencional, não falta Florença para conhecer na rua. Sim, existem muitos museus, muitas catedrais, muitas galerias para serem vistas. E merecem a visita. Mas as piazzas, os pequenos ristorantes e as ruas estreitas contam muitas mais histórias. Dificilmente há uma praça que não tenha um episódio para ser conhecido ou uma rua que não tenha uma gelataria com mais de 80 anos, uma fonte de água fresca para encher a garrafa ou que não dê uma boa fotografia. Daquelas que não precisam de qualquer filtro para causar inveja e, mais uma vez, dar força aos argumentos que gritam que Florença é a cidade mais bonita do mundo.

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