Hossegor
©J.P. PlanteyLa Plage Centrale, em Hossegor
©J.P. Plantey

Férias 'comme il faut'

Para muitos o Sudoeste de França é a nova Côte d'Azur. Vá lá de férias o quanto antes, garantimos que não se vai arrepender

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De Biarritz a Hossegor o leitor vai ser feliz. Pelo menos no Verão. A sua vida será simples,
embora com uma certa sophistication européenne, e isso só pode tornar as coisas melhores. De manhã sairá de casa a pé ou de bicicleta para comprar baguettes estaladiças e ficará intrigado com a quantidade de senhoras francesas que desfilam com elas debaixo do braço, apenas com um guardanapo a impedir o contacto com as axilas. Porque não as levam num saco?, perguntar-se-á enojado. Não perca tempo com isso, nem a pedir croissants mistos (é um crime com o qual se recusam a compactuar), ou a tentar dar mergulhos no mar fora da zona de banhos.

Já de pequeno-almoço tomado e despachadas as tarefas matinais, irá para a praia, onde, se é amante de sol, passará grande parte do seu tempo. “Sous le soleil, exactement”, como cantava Gainsbourg. A costa de areia branca é tão extensa e bonita que pode escolher uma por dia, sempre com a garantia de que a água do mar estará morna. Isto porque uma corrente de água quente do Golfo do México também aqui pára todos os anos por esta altura. Outra certeza é que ao seu lado não vão faltar mulheres em topless e, com alguma recorrência nas praias menos turísticas, famílias inteiras nuas. Viva o à-vontade francês.

Apanhará também outra corrente, a dos parisienses que, provavelmente já enjoados da Côte d'Azur, aqui passaram a ir a banhos. Isso faz com que tudo, de parques de campismo (um luxo, em comparação com os nossos) a hotéis de cinco estrelas, como o Hôtel du Palais e antiga residência de férias de Napoleão Bonaparte, fique enervantemente complet. Faça a sua reserva quanto antes.

COMER & BEBER

Ao final da tarde irá passear nuns dias pelas ruas do centro de Hossegor, noutros pelas de Biarritz (a 42 km de distância) e parará no Café de Paris na primeira ou na Chocolaterie Henriet para provar um gâteau basque na segunda. Verá as montras das lojas bem arranjadas, nutrirá uma inveja secreta e crescente pelo estilo dos franceses, perderá a cabeça com uma outra coisa que só há ali e voltará religiosamente ao local onde está instalado para tomar banho e preparar-se para a segunda ronda.

Aprumado, mas não muito – o protocolo pede descontracção mas com classe –, ficará feliz com a oferta gastronómica e com os famosos vinhos de Bordeaux. Não há problema, deixe- se entusiasmar à vontade, as contas serão pagas no dia seguinte, de qualquer forma. Tem vários dias, organize-se. Se for para os lados de Biarritz, marque mesa no Bar Le Jean (25€, preço médio por refeição), que serve essencialmente petiscos tradicionais. Se está mais numa de jantar à séria, o Chez Albert (de 40€ a 70€), no Port des Pêcheurs, ou Chez Philippe (de 40€ a 100€), são excelentes opções. Por sua vez, se andar por Hossegor, na vila-irmã do lado esquerdo se estiver de frente para o mar, em Capbreton, mesmo na marina, há um lugar que serve umas moules et frites divinais (25€, preço médio por refeição). Chama-se Chez Minus e lá tudo é para comer com as mãos. Caso o pendant já esteja a chateá-lo (a nós está), atire-se a um burrito valente no Le Surfing (14/15€), beba uns copos por lá e vá directamente para o Rockfood, uma das poucas discotecas na zona e provavelmente a única que valerá a pena.

MAS NÃO PARE, CONTINUE

Na manhã seguinte acordará meio amanhado, sim, claro, típico; não resistiu e carregou na bebida. Está de férias, faz parte, não se culpabilize. Foi divertido, não foi? O dia está cinzento. Ainda bem; um calor dos diabos era o pior que lhe podia acontecer agora. Já atrasado e ainda delirante a pensar que a coisa que mais lhe apetecia era enfiar-se num dos bunkers das praias de Hossegor e Capbreton que restaram da Segunda Guerra Mundial, enfrentará o dia com um petit déjeuner complet e passará no mercado para comprar fruta e vegetais frescos – sim, tem de ingerir vitaminas. E porque não uma caminhada pela sombra? A forêt des Landes, que o acompanhará sempre durante esta viagem, é a maior de pinheiros marítimos da Europa. Quem sabe ainda cura a ressaca com uma jogatana de pétanque.

Passados dois dias, ao almoço e já recomposto, rir-se-á com a conversa da mesa ao lado. Dois casais de meia-idade abordam os seus dramas conjugais com o típico sentido de humor francês. Enquanto o marido tira as medidas a uma miúda mais nova, a mulher confessa em tom de provocação que a sua vida sexual em casa melhorou substancialmente desde que arranjou um amante, e todos se riem e brindam. Parecem felizes e frescos. O leitor também.

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