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The Escapist: Como desaparecer completamente

André Rocha, fundador da The Escapist, empresa que organiza expedições de montanha, convenceu-nos a tirar as sapatilhas do armário e a fazermo-nos ao caminho, mesmo não sabendo o destino

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O lema "work hard, play harder" começou a fazer comichão a André Rocha quando aos 37 anos se apercebeu que só estavam a ser cumpridas as primeiras palavras. Precisava de equilíbrio e a resposta chegou através de um “convívio íntimo e por vezes excessivamente intenso com a natureza, e com a necessidade de desgaste físico”. Nasceu, assim, a The Escapist, uma empresa que organiza expedições de montanha.

Quem é que acorda de manhã e decide que quer caminhar dezenas de quilómetros por percursos desconhecidos sem sequer saber o destino? Ora, segundo André, já mais de 200 pessoas quiseram experimentar e repetir. Esta fuga da realidade pode acontecer de duas formas: as Escapes começam e terminam no mesmo ponto, e a promessa é que voltará à cama são e salvo no final do dia; já as Great Escapes podem durar entre dois e nove dias de caminhada, sendo que a distância percorrida em cada jornada varia entre os 20 e os 55 km, dependendo da intensidade do percurso. Enquanto as Great Escapes acontecem três vezes por ano, as Escapes são mais frequentes e basta estar atento à página de Facebook desta empresa para saber datas e ir recebendo dicas sobre o destino, mantido em segredo até bem perto da hora da partida.

Depois de decidido o tamanho e a duração da aventura, é importante escolher a companhia. Pode caminhar sozinho? Claro que pode, mas André aconselha grupos, até porque tudo fica mais interessante (e fácil) quando a conversa é boa.

E há bolso para estas aventuras? Na verdade, aqui só se paga a alimentação – o almoço fica por conta de cada um mas os jantares são autênticos banquetes em restaurantes tradicionais das zonas por onde se passa – e o alojamento. Contas feitas, é coisa para ficar por 35€ por noite. Tudo é organizado por André de antemão e até há carros de apoio, “felizmente todos têm recusado as boleias mesmo nas alturas mais difíceis”. Haja força e orgulho. E, sobretudo, pensos para as bolhas. É caso para dizer que quem o avisa seu amigo é.

No que diz respeito aos destinos, está tudo no segredo dos deuses. Ou vá, no segredo de André, que se limita a dar dicas e pistas sobre o local no Facebook e só levanta o véu um ou dois dias antes de dar corda às sapatilhas. Uma coisa é certa: a ideia é caminhar a maior distância possível sem passar perto de rastos civilizacionais. Até porque é importante não esquecer que o principal objectivo da The Escapist é oferecer isolamento e paz de espírito. Como afirma André, já foram calcados caminhos pelas Aldeias Históricas de Portugal, pela Costa Alentejana, na ilha das Flores, nos Açores, e até em Finisterra, Espanha. E não, nunca se repetiram destinos em três anos de mochila às costas. A próxima aventura está marcada para o dia 26. Ou melhor, começa dia 26 e só acaba a 29. É a última Great Escape de 2017, portanto. Nesta altura do ano (entre o Natal e o Ano Novo) já é recorrente organizar uma uma caminhada destas. Porquê? Porque a agitação da época assim o pede: há muita família, muita música no ar, muitas pessoas nos centros comerciais... Muita coisa a acontecer. E essa é a melhor altura para se procurar sossego. As inscrições são abertas para 20 participantes, até porque um grupo demasiado grande também retira a intimidade à equação, e o lema é “first come, first served”, por isso decida-se rapidamente.

Ainda há vagas e as inscrições devem ser feitas através do e-mail apintorocha@gmail.com.

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