Vouguinha
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Vouguinha a todo o gás: comboio histórico vai ser movido a hidrogénio

O comboio histórico da Linha do Vouga vai dar entrada no século XXI.

Renata Lima Lobo
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A população chama-lhe “Vouguinha”, um nome carinhoso atribuído à única composição de via estreita que ainda vai circulando na Linha do Vouga, cujo primeiro troço foi inaugurado em 1908, entre Espinho e Oliveira de Azeméis. Mas até há bem pouco tempo era no Ramal de Aveiro, que faz parte desta linha histórica, que ele circulava, puxado por uma locomotiva a diesel dos anos 60, a Alsthom 9004. O Comboio Histórico do Vouga era composto por mais três carruagens, datadas do início do século XX, nas quais seguiam os passageiros para lá e para cá, em percursos turísticos que iam de Aveiro a Macinhata do Vouga, com visita ao centro histórico de Águeda e muita animação a bordo.

Em 2019, a Alsthom 9004 foi substituída por uma locomotiva a vapor Mallet E214, recuperada nas oficinas de Contumil, no Porto. Alimentada a carvão e construída pela casa alemã Henschel & Sohn como indemnização da I Guerra Mundial, chegou a circular na Linha do Corgo (Régua-Chaves) e na Linha do Sabor (Pocinho-Duas Igrejas), mas foi desactivada em 1989. Depois deste breve regresso, fez a última viagem em Janeiro do ano passado. Mas o histórico Vouguinha vai regressar, com mais força.

Um futuro mais limpo

Embora seja emocionante ver (e ouvir) um comboio a circular a vapor, não é a melhor solução para o ambiente. Felizmente, a ciência portuguesa quer chegar a bom porto, ou neste caso, estação ou apeadeiro.

Ao mesmo tempo que decorrem trabalhos de requalificação de alguns troços da Linha do Vouga, a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e a Nomad Tech, empresa especializada em soluções inovadoras para a indústria ferroviária, juntaram-se para criar o projecto H2Rail, que irá transformar o Vouguinha no primeiro comboio em Portugal movido a hidrogénio. Isto significa que os motores da locomotiva a diesel serão substituídos por células de combustível a hidrogénio, que geram electricidade. Uma solução energética mais sustentável, ao nível ambiental e também financeiro.

“Há uma série de linhas que não estão electrificadas onde existem comboios a diesel, compostos por um motor a diesel que serve para alimentar um gerador eléctrico. O objectivo é substituir este conjunto por uma célula de combustível a hidrogénio, que produz energia eléctrica. Esta transformação reduzirá custos, uma vez que a electrificação das linhas é algo mais dispendioso”, explica o professor Adriano Carvalho, director do Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores da FEUP e o responsável pela equipa da faculdade que integra o H2Rail. O projecto deverá chegar à fase de testes em 2023 e envolve também a CP, a fabricante de carroçarias e autocarros CaetanoBus e a Associação Portuguesa para a Promoção do Hidrogénio.

A modernização da Linha do Vouga, entre Espinho e Aveiro, faz parte do Programa Nacional de Investimentos 2030, e representa um investimento total de 100 milhões de euros para o período 2021-2025. A distância entre os carris da via-férrea (a bitola) será mantida, precisamente para permitir a circulação de comboios históricos.

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Vá passear (quando puder)

Macinhata do Vouga

É nesta freguesia do concelho de Águeda que se encontra o Núcleo de Macinhata do Vouga do Museu Nacional Ferroviário, inaugurado em 1981 na estação do Ramal de Aveiro. Gerido pela Câmara de Águeda e pela Fundação do Museu Nacional Ferroviário, guarda preciosidades da história da ferrovia, como locomotivas a vapor. Entre elas, a CP E97, fabricada na Alemanha e adquirida em 1912/1913 pela Companhia do Vale do Vouga para circular no Ramal de Aveiro.

Águeda

Mesmo ao lado da estação de comboios, mora o Centro de Artes de Águeda, um espaço multidisciplinar com exposições, teatro, música, dança ou cinema. Mas há uma instalação que rouba as atenções entre os meses de Julho e Setembro. Desde 2012 que Águeda também é conhecida pelo Umbrella Sky Project, um projecto de arte urbana e um museu ao ar livre composto por várias e coloridas obras espalhadas pela cidade, onde a principal atracção é o céu de guarda-chuvas que flutua na Rua Luís de Camões. Não abandone o concelho sem se dirigir a uma pastelaria local para provar um pastel de Águeda.

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Aveiro

Os ovos moles, os moliceiros, o peixinho fresco. Aveiro é famosa pela oferta turística e também pela arquitectura de Arte Nova, tendo como ex-líbris a Casa Major Pessoa, concluída em 1909 e convertida em museu em 2012. O Museu Arte Nova é um centro interpretativo deste estilo arquitectónico e funciona como ponto de partida para a descoberta do roteiro arte nova de Aveiro, composto por 28 edifícios. No piso térreo há uma bonita casa de chá onde se pode sentar a apreciar um lanche e a arquitectura do edifício.

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