Maria Modista
Inscritos nas aulas da Maria Modista, rede de escolas de costura espalhadas por todo o país, há alunos de todas as áreas, entre eles médicos e enfermeiros que estão a combater a Covid-19. É o caso de Fernanda Conceição, enfermeira na Fundação Champalimaud, que comentou com Filipa Bibe, uma das fundadoras da Maria Modista, que não conseguia encontrar fornecedores de cogulas – equipamento de protecção que tapa a cabeça e os ombros de quem o usa – em Portugal. Filipa “tinha uma equipa parada e cheia de vontade de ajudar” e decidiu arregaçar as mangas e pôr as máquinas de costura a trabalhar.
O primeiro passo foi procurar os modelos de cogulas que já existiam e testá-los. Passaram uma semana e meia nisto, entre vários hospitais de Lisboa, até chegarem ao molde perfeito. A seguir, tiveram de procurar o material mais indicado. Descobriram que o TNT (tecido não tecido), utilizado para fazer batas cirúrgicas, era o ideal – impermeável, resistente e, se esterilizado no hospital, deixa de ser descartável, podendo ser usado várias vezes.
Passo seguinte: pedir uma doação à Nomalism, loja de tecidos com a qual colaboram várias vezes. Entretanto também chegaram, da Associação Filhos do Coração, mais de 5000 metros de elástico.
Quando conseguiram, finalmente, iniciar a produção, Filipa Bibe publicou um vídeo nas redes sociais da Maria Modista. “Começaram a chover pedidos de médicas e enfermeiras”, conta. De cogulas, mas também de outros equipamentos, como botas até ao joelho e máscaras. Para conseguir dar resposta e não perder muito tempo, a Maria Modista contactou alunas que trabalham em fábricas que estão a produzir máscaras e pediu-lhes os moldes já aprovados e certificados. Quanto às botas, só foi preciso pegar no modelo original, que já é usado nos hospitais, e subi-lo para taparem a perna até ao joelho.
Este não foi o único efeito do vídeo: muitos alunos, de todas as partes do país, quiseram começar a ajudar. Então, os moldes das cogulas, das máscaras e das botas foram disponibilizados online, e quem tem máquina de costura em casa e consegue comprar TNT pode fazer equipamentos e entregar “ao amigo médico ou enfermeiro” ou aos hospitais da sua área.
O movimento não acaba aqui, porque as costureiras amadoras não foram as únicas a voluntariar-se. A marca Nikini Swimwear, por exemplo, fez uma pausa na produção da próxima colecção para dar uma mãozinha. E o ateliê da designer de vestidos de noiva Pureza Mello Breyner também tem quatro costureiras a ajudar a todo o gás. “É tanta gente, que nós até já perdemos controlo dos números”, conta Filipa.
Até agora, a Maria Modista já conseguiu ajudar vários hospitais de Lisboa (onde fica a sede da empresa), como o Egas Moniz, o São Francisco Xavier e o Santa Maria, e a Fundação Champalimaud. Filipa garante que, enquanto existirem pedidos e material, as máquinas não vão parar.