Os cabeças de cartaz
A actuação de SZA, na primeira noite, tem tudo para ser um dos pontos altos desta edição. E nem precisa de se esforçar muito. Afinal, traz consigo SOS, registo de r&b expansivo e ambicioso, com as emoções à flor da pele e melodias imaculadas. Ainda por cima, inclui uma das melhores canções de dor de corno desta geração: “Kill Bill”. Foi editado na segunda semana de Dezembro de 2022, quando as votações para os melhores discos desse ano em muitas publicações já tinham fechado. Mas não ficou esquecido e, no ano passado, títulos de referência como a Pitchfork e a Rolling Stone consideraram-no o melhor álbum de 2023.
Não admira que o nome de SZA se leia antes de PJ Harvey no alinhamento de quinta-feira, 6. Ainda que a cantora britânica fascine e exerça a sua influência sobre o rock alternativo desde o início da década 90; e que venha apresentar o álbum I Inside the Old Year Dying, do ano passado, é difícil competir com uma jovem artista em pico de forma e popularidade.
Já na sexta-feira, 7, é Lana Del Rey que a maioria vai querer ver. A cantora americana é uma das grandes vozes e estilistas pop deste século. As suas músicas são labirintos referenciais que dobram o tempo e o espaço, dialogando frequentemente com capítulos anteriores da sua biografia e discografia, mas com outros artistas e símbolos populares também. Espera editar um novo disco em Setembro, e talvez mostre algumas das novas canções em Portugal, se bem que o motivo oficial desta nova visita ao país seja a apresentação do anterior Did You Know That There's a Tunnel Under Ocean Blvd (2023). Para algo completamente diferente, a fechar a noite, vai ouvir-se a electrónica maximalista dos franceses Justice, que regressaram em 2024 com o álbum Hyperdrama e fizeram sensação há umas semanas, em Coachella.
A encerrar esta edição, no dia 8, uma daquelas grandes reuniões de que o Primavera já é sinónimo. Se em 2022 foram os decanos do indie rock norte-americano Pavement que se reuniram no festival, e no ano passado foi a vez dos britânicos Blur tirarem o pó às canções no Parque da Cidade, este ano é a vez de outra das constelações mais brilhantes do britpop se avistar no Porto: os Pulp. Jarvis Cocker e companhia voltaram a juntar-se em 2023 e continuam a tocar os clássicos dos discos His ‘n’ Hers (1994), Different Class (1995), This Is Hardcore (1998) e We Love Life (2001). Surgem no cartaz ao lado de The National. Parecendo que não, a banda indie norte-americana também já leva mais de 20 anos de carreira. No entanto, não perdeu o fôlego e no ano passado lançou mais um par de discos, First Two Pages of Frankenstein e Laugh Track, com mais semelhanças do que diferenças.