É como aquela história da Viagem ao Centro da Terra, de Júlio Verne: vamos escavando e as eras históricas vão-nos aparecendo à frente, em direcção aos princípios da civilização. Parece não haver um buraco que não dê frutos, mesmo os da calçada dão origem a muito incidente. “Debaixo dos Nossos Pés – Pavimentos Históricos de Lisboa” abre ao público quarta-feira no Museu de Lisboa – Torreão Poente, na Praça do Comércio, para mostrar os pavimentos da cidade desde a pré-história ao século XX, não esquecendo a altura em que era Olissipo, no Império Romano.
A mostra, comissariada por Lídia Fernandes, Jacinta Bugalhão e Paulo Almeida Fernandes, tem mosaicos bem conservados, desenhos técnicos dos padrões modernos da calçada portuguesa e desvenda o mistério de como são feitos: estão expostos também os pesados moldes de letras e rosetas que marcam o lugar da pedra escura.
O pavimento como “causa e efeito da evolução citadina” encontra-se sobretudo, nesta exposição, através da escavação arqueológica – aqueles buracos de que falávamos no início.