"Para o Gérard, as cores são pessoas. Com a mesma diversidade, com personalidade, com a mesma luz". As palavras de Éric Corne fornecem o indispensável par de lentes necessário para percorrer a exposição "Gérard Fromanger. O Esplendor", no Museu Coleção Berardo, a primeira do pintor francês em Portugal e a primeira retrospectiva desde a sua morte, em Junho do ano passado. Amigo e curador, enaltece o autor que reflectiu sobre política e sociedade, que olhou para as ruas de Paris como observatório das vivências ocidentais do século XX.
São mais de 60 quadros, organizados em 26 séries. Em cerca de seis décadas de criação, que irrompe no clima quente dos movimentos sociais e políticos da década de 60, Fromanger debruçou-se sobre a actualidade, sem reservas ou tabus. A pintura, arma assumida e cujo papel foi questionando ao longo dos anos, foi o suporte que manteve até ao fim, muitas vezes em combinação técnica com a fotografia, mestre de um figurativismo distorcido do realismo social.