Tudo o que precisa de saber sobre a exposição “Black Ancient Futures” no MAAT

A mostra colectiva reúne obras de 11 artistas da diáspora africana, alguns dos quais expõem pela primeira vez em Portugal.
MAAT
Pedro Pina
Time Out em associação com MAAT
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Intitulada “Black Ancient Futures”, a exposição colectiva reúne artistas de várias nacionalidades, todos ligados à diáspora africana, que, através de diversas linguagens, repensam narrativas e paisagens alternativas ao status quo das artes contemporâneas. Com a curadoria de Camila Maissune e João Pinharanda, os trabalhos apresentados resultam do cruzamento de elementos da cultura africana com outras culturas e latitudes. A mostra, patente até 17 de Março de 2025, proporciona ao público uma viagem por um impressionante universo de possibilidades criativas, focando-se ao mesmo tempo no destino viajante da condição africana – de exílio e fixação, forçados pelo contexto esclavagista, ou de migração desejada ou forçada pelas actuais condições de crise económica, política e climática. Black Ancient Futures traz-nos uma interessante perspectiva global e os curadores esperam que a dimensão internacional da exposição amplie a ambição do museu em gerar novos e importantes debates. Eis tudo o que precisa de saber para planear a sua visita:

Quais os artistas presentes?

Baloji, April Bey, Jeannette Ehlers, Lungiswa Gqunta, Evan Ifekoya, Kiluanji Kia Henda, Nolan Oswald Dennis, Gabriel Massan, Jota Mombaça, Sandra Mujinga e Tabita Rezaire são os artistas participantes na exposição, com propostas que vão dos mundos criados por Gabriel Massan (Brasil) em instalações/ videojogos de narrativa colaborativa, ao novo olhar sobre o mausoléu de Agostinho Neto, em Luanda, trazido por Kiluanji Kia Henda (Angola). A exposição abre com The Welcome (2022), de Evan Ifekoya, colocada na entrada “para dar um sentido de boas-vindas ao visitante”. A instalação, que recorre a um repositório com água no interior cuja ondulação é reproduzida através de luz no tecto, “é uma metáfora sobre a abertura, limpeza e transformação”, afirma Evan, sublinhando que a peça “está carregada de uma simbologia”, fazendo referência a conceitos de espiritualidade e cosmologia dos seus antepassados.

O que podemos esperar?

Partindo das complexas estruturas do pensamento visual e filosófico africano, e relacionando-as com os seus contextos actuais, estes artistas propõem um vasto conjunto de narrativas e imagens alternativas que desafiam as representações dominantes de África no imaginário ocidental. As suas obras reimaginam um passado, um presente e um futuro para a experiência artística negra, contribuindo para o próprio desenvolvimento global da arte contemporânea. Falamos de  propostas que não ilustram uma corrente ou movimento historicamente definidos e que não se fixam numa leitura ideológica fechada, mas que convocam técnicas, disciplinas e linguagens diversas, combinando fantasias delirantes, experiências palpáveis, saltos temáticos e temporais, e referências directas a espiritualidades não-ocidentais. Tudo com recurso a tecnologias pós-industriais na criação de narrativas mágicas ou de ficção científica.

A exposição estende-se pelos jardins?

Sim, a exposição terá lugar nos dois edifícios do MAAT e também no MAAT Garden. As obras de Jeannette Ehlers, Jota Mombaça e Nolan Oswald Dennis vão ser apresentadas no exterior. A título de exemplo, Ehlers, que tem duas peças na mostra, começou a desenvolver a série “We’re Magic, We’re Real” [somos mágicos, somos reais] em 2020. No exterior do MAAT Central, a artista apresenta uma instalação que remete para a simbologia identitária do cabelo: longas tranças parecem crescer das paredes. No interior, está uma peça de grandes dimensões, feita de cabelo sintético, que preenche um espaço revestido por cobertores de emergência, surgindo simultaneamente como um objecto artificial e um organismo vivo que gira lentamente. 

MAAT. Avenida de Brasília (Belém). Qua-Seg 10.00-19.00. 11€ (grátis 10.00-13.00 no 1.º Dom do mês)/ 30€ passe anual. O museu disponibiliza visitas guiadas à exposição de segunda a sexta (excepto terça-feira) às 16.00 (ponto de encontro: MAAT Gallery) e aos sábados e domingos às 11.00 (ponto de encontro: MAAT Central). Estas visitas são gratuitas para quem adquirir bilhete para o museu.

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