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É uma das 82 lojas que já receberam a distinção do programa municipal Lojas com História, agora com uma plataforma novinha em folha, lojascomhistoria.pt, que pode conhecer melhor na Time Out da próxima semana
1 - Hoje situa-se na Rua Garrett, mas a sua história começou um pouco mais acima, na Rua do Loreto. Fundada em 1868 por Élie Benard, e na altura chamada Pâtisserie Benard, passou em 1902 para as mãos dos irmãos Casimiro, Pedro e Elias Benard, ocupando o lugar que hoje conhecemos, onde antes existia uma pastelaria chamada “A Gratidão”, especializada em frutas cristalizadas. Dez anos mais tarde, ano da sua inauguração, foram as broas de fabrico caseiro que se tornaram célebres neste espaço.
2 - Se hoje homens e mulheres se podem sentar onde bem entendem (em Portugal, sublinhe-se, que há muito sítio no mundo onde as regras são outras), em 1868 e até à II Guerra Mundial as senhoras não poderiam frequentar um café sem a companhia de um cavalheiro. Mesmo que fossem com as amigas. Por isso mesmo se criaram as pastelarias e casas de chá, onde podiam estar à vontade. A Pâtisserie Benard era passagem obrigatória para as elegantes damas lisboetas mostrarem as suas toilletes enquanto bebiam um chá.
3 - Já terá reparado que o nome do estabelecimento não é português, mas de origem francesa. Tal como hoje, um nome francês dá sempre aquele ar de finesse. Mas em 1926 foram proibidas em Portugal as fachadas em línguas estrangeiras e, por imposição legal, o nome mudou para Pastelaria Benard.
4 - Nos anos 40 a Benard volta a mudar de mãos. Manuel José de Carvalho toma posse e a pastelaria passa a destacar-se pelos banquetes que organiza. Aqui lembramos um jantar servido durante a visita da Rainha Isabel II a Portugal, entre 18 e 23 de Fevereiro de 1957. Segundo a actual proprietária do estabelecimento, parece que ainda sobrevivem umas loiças desse dia. Era normal ver a Benard associada a eventos considerados de “bom tom”. Como, por exemplo, o copo de água de António Quadros e Paulina Roquette, pais da escritora Rita Ferro, em 1947.
5 - Apesar da sua história e das suas ligações à alta sociedade, depois do 25 de Abril a Benard entrou em declínio. As dívidas acumulavam-se e nos anos 80 era evidente a degradação física do espaço e a consequente falta de clientes. O encerramento da pastelaria era o destino que se adivinhava. Investir num negócio à beira do precipício nunca foi o sonho empresarial de ninguém. Mas há coisas que apelam ao coração. Contra a vontade de toda a família, Maria Augusta Gomes viu um local que em tempos tinha frequentado e, com pena que se perdesse a memória da Benard, aventurou-se a comprar o seu trespasse. Foram tempos difíceis. Nenhum banco aceitou financiar o projecto, considerando na altura que não tinha nenhum interesse turístico.
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