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Adiós, patrón. Hola, caballeros de Cali

Cláudia Lima Carvalho
Editora de Comer & Beber, Time Out Lisboa
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Não é possível falar de Narcos sem falar de Pablo Escobar, muito também por causa da interpretação do brasileiro Wagner Moura, que conquistou tudo e todos. Mas a verdade é que, na ficção como na realidade, a vida continua, que é como quem diz, o narcotráfico prossegue. E prossegue a toda a velocidade. Agora em Cali, a 400 quilómetros de Medellín.

Foram ganhando protagonismo ao longo da segunda temporada e agora é deles Narcos, cujos dez episódios chegaram nesta sexta-feira à Netflix. Falamos de Gilberto Rodriguez Orejuela (Damian Alcazar), Miguel Rodriguez Orejuela (Francisco Denis), Pacho Herrera (Alberto Ammann) e Chepe Santacruz Londono (Pêpê Rapazote). São eles os novos manda-chuvas, os quatro cavalheiros de Cali, os grandes chefes. E se um patrón fazia tremer muita gente, quatro podem agora muito mais.

Netflix

Não há muito que se escreva que possa ser novidade numa história verídica com pouco mais de 20 anos mas conseguimos ainda chocar-nos com a forma como os cartéis dominaram durante tanto tempo a política e a economia de um país – uma realidade que, bem sabemos, continua a existir ainda hoje, na Colômbia e noutros países, mas isso já será para outros episódios. Uma coisa é certa: à terceira temporada, Narcos, uma das séries mais populares do serviço de streaming, continua intensa e violenta.

Ainda todos festejavam e comentavam – ou até choravam – a morte de Pablo Escobar, e o cartel de Cali aproveitava o espaço deixado vazio para aumentar a produção de cocaína, mas de uma forma bem diferente. Profissionalizaram o negócio e, ao contrário de Escobar, não era com o povo que queriam estar, mas sim com as elites – diz-nos a História que o cartel de Cali teve um papel muito importante na chegada ao poder do Presidente colombiano Ernesto Samper, sucessor de César Gaviria, apenas um ano depois da morte de Escobar.

O narrador da série também é outro. Não teremos mais Steve Murphy (Boyd Holbrook), o agente da agência norte-americana de luta contra a droga (DEA), mas continuamos com o seu parceiro Javier Peña, protagonizado por Pedro Pascal. É ele que nos conduz agora pela história e é ele que nos dá o mote para o que aí vem: “O inimigo do meu inimigo é meu amigo até que se torne meu inimigo novamente. Se isso acontecer, então que Deus o ajude.”

Netflix

Já não temos Wagner Moura, mas continuamos a ter muitas razões para não desistir de Narcos. Garantimos que Pêpê Rapazote é uma delas, ele que é um dos quatro líderes, o responsável por dirigir o negócio de Cali em Nova Iorque. Esqueça tudo o que viu até agora do actor português. Qual Bem-vindos a Beirais ou Rainha das Flores, nunca o vimos como aqui. E isso é bom.

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