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Ana e Sara Mateus, irmãs e designers, chamaram o António e criaram uma marca de carteiras para resistir ao tempo. Esta quinta chegam à The Feeting Room.
Fora um ou outro caso à parte, a moda rápida acabou com a passagem de geração em geração de malas e acessórios. Ana e Sara Mateus, irmãs, uma designer de moda e a outra designer gráfica, estão à frente de uma empresa que era do pai e fabricava marroquinaria e malas em pele com tratamento 100% vegetal, daquelas que duram, duram e duram… E resolveram criar uma linha de peças intemporais que homenageia o trabalho do pai e está à venda a partir de quinta-feira, dia 14 de Setembro, nas lojas The Feeting Room em Lisboa e no Porto, e online.
Ao todo têm 10 modelos de malas e sete de pequena marroquinaria em pele, todos com nomes de família (Júlia, Sofia, Inês, João...). São peças intemporais, de linhas simples e minimalistas. “Gostava muito que pudessem passar de geração em geração”, confessa Ana, adepta da slow fashion – o conceito de moda lenta que defende roupa e acessórios que durem, assim como a reciclagem de peças, e assenta num modelo de consumo ético e responsável.
O pai, António, deixou como legado a fábrica António e Mateus Lda, especialista na arte de trabalhar a pele e fabricante de grandes marcas internacionais. As filhas assumiram o negócio e há um ano decidiram começar a pensar numa marca própria, alavancada pela experiência da empresa. “Os nossos modelos são inspirados nas malas que o nosso pai fazia há 30 anos mas também são aquilo que queremos ver no mundo”, diz, falando sobre a pele de tratamento 100% vegetal, não agressivo para o ambiente. São peles sem químicos, que vêm de uma curtimenta de peles em Alcanena e são trabalhadas manualmente. Os acessórios em metal são isentos de níquel e o forro é em algodão. “Há 35 anos não havia os tratamentos químicos que as peles hoje sofrem, era mais natural. Com a evolução da tecnologia é que estragámos tudo nesta área”, lamenta Ana, que acredita que há uma camada jovem que se vai importando cada vez mais com a sustentabilidade da moda. “Mas acho que são os nórdicos que, culturalmente, têm mais esta preocupação”, diz Ana, que tem a mira apontada na direcção da exportação, mais especificamente para os nórdicos e americanos.
Os modelos em pele natural, uma cor mais crua, estão em destaque na linha principal da colecção. E depois há a edição especial, com alguns dos modelos salpicados com tinta natural com um pincel, em três versões de cor: salpicos brancos, pretos ou tricolores. “Nós dizemos que é o lado mais emocional da nossa família. Cada uma é única e não há forma de repetir”, acrescenta Ana.
Todas as malas vêm com etiqueta em pele que permite pôr o nome da dona ou o nome de família e a maior parte tem uma dupla função: a mala de mão António também é mochila, a Maria é a tiracolo mas também pode estar à cintura. Não são malas ao preço fast fashion, mas a qualidade é superior e podem ter sete vidas – todas têm dois anos de garantia, portanto tudo o que for costura descosida ou defeitos de fabrico é reparado.