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Calçada portuguesa a caminho do (património) mundial

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
Jornalista
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Está aprovada a integração do Município de Lisboa na Associação Calçada Portuguesa, que irá preparar mais uma candidatura alfacinha à UNESCO.

Foi unânime. Na última sessão da Assembleia Municipal de Lisboa deste mandato, no dia 5 de Setembro, a aprovação da proposta "Integração do Município de Lisboa na Associação Calçada Portuguesa" pôs água na fervura de uma tarde de debate e foram precisos dois segundos para os deputados municipais se unirem em torno da candidatura da calçada portuguesa a Património Imaterial da Humanidade. Primeiro foi o fado, que Lisboa reclama ser seu. Agora foi tomado o passo definitivo para que a calçada artística portuguesa, nascida e criada em Lisboa, seja património de todos. Há muito tempo que a calçada artística ultrapassou as fronteiras nacionais e o livro Calçada Portuguesa no Mundo (2016), de Ernesto Matos, não deixa espaço para dúvidas. Quem vai ter agora espaço para planear tudo são os membros da nova associação, que reúne entidades públicas e privadas que planeiam levar a candidatura a bom porto: além da Câmara Municipal de Lisboa, os associados são a Associação Portuguesa dos Industriais de Mármores, Granitos e Ramos Afins (ASSIMAGRA), a União das Cidades Capitais Luso-Afro-Américo-Asiáticas (UCCLA) e o Grupo Português da Associação Internacional para a Protecção da Propriedade Intelectual (AIPPI).

O Monumento ao Calceteiro

É a peça que falta à nova grande barca em calçada na Praça dos Restauradores (na imagem). O regresso do monumento às ruas de Lisboa está previsto até ao final do mês. Inaugurado em 2006 na Rua da Vitória (a que liga a Rua do Crucifixo à dos Fanqueiros), o Monumento ao Calceteiro, da autoria de Sérgio Stichini, não teve o que se pode chamar de vida tranquila.

Passado apenas um mês de ser inaugurado foi vandalizado, uma história que se repetiu e ditou a sua retirada passados dois anos. Desde então as duas estátuas em bronze do monumento jazem num armazém. Mas foram agora restauradas e até ao final do mês serão instaladas na Praça dos Restauradores.

Vão estar enquadradas no mesmo desenho que também desapareceu da primeira morada: a barca de São Vicente e respectivos corvos, em calçada artística. Um dos mais acérrimos defensores desta ideia é o vereador António Prôa, que juntamente com o vereador Manuel Salgado, assinou a proposta deste regresso simbólico a Lisboa.

O vereador quer contrariar uma espécie de movimento anticalçada e acredita que o monumento é também uma chamada de atenção para esta arte tão portuguesa que tem corrido o mundo, sensibilizando quem passa para a calçada artística.

E é essa, não a calçada “banal”, que quer ver elevada a Património Mundial, uma candidatura que se vai juntar às actuais “Lisboa Histórica, Cidade Global” e “Lisboa Pombalina”. A ideia é que envolva outras entidades públicas ou privadas e não seja apenas uma candidatura do município. Afinal, a calçada artística já há muito que ultrapassou as fronteiras nacionais.

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