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Foi difícil apanhar Gabriela Vasconcelos no lufa-lufa do primeiro dia de ModaLisboa. Só lhe conseguíamos pôr a vista em cima quando entrávamos na sala de desfiles e lá estava ela de um lado para o outro a sentar uma pessoa ali, outra acolá, sempre com sorriso rasgado e olhar atento a todos os que passam. Gabriela é responsável pelo sitting de convidados da ModaLisboa e tem em mãos a difícil tarefa de ser cool ao mesmo tempo que obriga pessoas a sentarem-se em tempo recorde, porque, senhores, o desfile vai começar.
“Sou eu que mando nos convidados”, diz entre risos. “Faço o sitting deles, organizo-os na sala, mas alinho sobretudo todos os que vão para a primeira fila, que é sempre o maior problema”, acrescenta durante uma pausa entre desfiles, nas encruzilhadas do backstage e já com um olho no próximo sitting que ia fazer logo a seguir à conversa com a Time Out.
Este ano o espaço é uma estreia. Esta 49.ª edição decorre no Pavilhão Carlos Lopes, mais amplo e com mais espaço para todos, mas nem por isso a tarefa de Gabriela é mais fácil. Quando perguntámos o que é que era mais complicado nesta gestão entre o fim de um desfile e o início de outro, a resposta foi: “Tudo! É tudo complicado”.
“É sempre imensa gente. Depois é tudo ao mesmo tempo e todos se querem sentar ao mesmo tempo e nós temos de nos organizar entre nós, equipa ModaLisboa, e organizar as pessoas. Sentá-las, sobretudo sentá-las”, explica, clarificando que existe uma espécie de escala de prioridades durante todo o processo. “Depois de sentadas, as pessoas ficam felizes e nós mais aliviados. Só falta o desfile começar”.
Nunca fomos sentados por Gabriela - isso é tarefa de Ivan, o terrível polícia do sitting -, mas sabemos que não é pêra doce orientar dezenas de convidados que encaram a front row como uma peça aleatória do puzzle que é compôr o cenário na sala de desfiles. É preciso ter cuidado para guardar lugar para toda a gente, desde os patrocinadores a convidados dos criadores, ou até um lugarzinho para os próprios criadores que assistem a colecções alheias.
A logística que tudo isto envolve pede uma pessoa enérgica para liderar as tropas e, nessa área, Gabriela Vasconcelos é especialista. A passos largos de um lado para outro, quase sempre a fazer maratonas entre o início e o fim da linha de passerelle para ir sentando pessoas pelo caminho, Gabriela não perde o sorriso e a boa disposição. “Tem de ser. Este sorriso tem mesmo de ser, se não nem valia a pena estar aqui. É o meu trabalho e além disso sou feliz a fazê-lo, claro que ando de sorriso na cara, mesmo com o stress e com os problemas que vão surgindo ao longo do dia mais vale ser bem-disposta, torna tudo melhor”.
Há 11 anos a colaborar com a ModaLisboa, admite que “é uma verdadeira família”. E na família ModaLisboa, Gabriela é aquela tia que está lá sempre para arrancar uma gargalhada de alguém e, ao mesmo tempo, é aquela que apaga fogos, ou como quem diz, é uma perita no desenrasca e na arte de resolver o que foge aos planos. “Dá-me um gozo imenso ver as pessoas apreciarem a moda portuguesa”, conta. “É a família que é. As pessoas que vêm cá já fazem parte também. Ano após ano elas voltam, e criam-se laços”. Todos alimentam esta máquina da moda.
Os laços vão-se criando de ano para ano, só precisa de esperar sentado. Mas de preferência, que seja sentado por Gabriela Vasconcelos.
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