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O chef Diogo Noronha abriu esta terça-feira no Príncipe Real o Pesca, um restaurante com base nos produtos do mar e na sustentabilidade.
São 11.00 da manhã, o movimento no Príncipe Real está calmo, uma obra aqui outra ali. No número 27 da Rua da Escola Politécnica, um bonito edifício azul claro, com as janelas da loja do piso térreo tapadas, está a ser finalizado – há baias a impedir a passagem, não vá cair uma lata de tinta. Lá dentro, uma azáfama. Falta uma hora e meia para o primeiro dia da vida do Pesca, o novo restaurante do chef Diogo Noronha (ex-Pedro e o Lobo, Casa de Pasto e Rio Maravilha).
Não é Diogo que nos recebe. O peixe fresco, a grande matéria-prima do Pesca, acabou de chegar e vai começar a ser trabalhado – o restaurante abre esta terça-feira ao público mas já está a aceitar reservas desde a semana passada. Aliás, numa primeira fase de soft opening, só funciona com reservas no site.
Passamos o bar à entrada, da responsabilidade do barman Fernão Gonçalves, e um longo corredor com uma cozinha aberta vai dar a uma pequena sala interior, com 20 lugares. Depois há o pátio, o ex-líbris do espaço, com um canto verde a fazer lembrar o Jardim Botânico ali do lado e mais 30 lugares. Tem uma “pérgula biodinâmica” a cobri-lo, explica Rui Sanches, do grupo Multifood, responsável por esta abertura (e, entre outros, pelos projectos Alma, Tapisco e Cais da Pedra de Henrique Sá Pessoa), o que significa que pode ser tapado e destapado conforme o vento.
“O Pesca é um restaurante que está virado para o mar a 100 por cento. A proteína central vem do mar. Peixe, mariscos, bivalves, algas. Tudo o que é costeiro. E depois tem algumas combinações de sabores, algumas composições, o chamado mar e montanha. Há umas lâminas de presunto, pancetta ibérica. Mas é essencialmente um restaurante de mar, com um registo mais autoral, mais aproximado do Pedro e o Lobo”, explica o chef Diogo Noronha, “nada ansioso” com a abertura – afinal, a semana de testes, o verdadeiro soft opening, já lá vai.
A carta tem sete entradas, oito pratos principais, quatro sobremesas e uma selecção de queijos, ainda sem menu de degustação. “Dentro das entradas há um bocadinho de tudo: diferentes texturas, temperaturas, produto”, diz Diogo Noronha. Essa mistura de técnicas e ingredientes é transversal a toda a carta: “há umas coisas mais conceptuais, outras mais de conforto”, confirma.
Essa abordagem mais conceptual mas sempre atenta à sustentabilidade está, por exemplo, num tártaro de lula com gema de ovo em pickle, maçã Granny Smith, aipo de rama e aneto (17€) – onde a lula é usada toda e não só a sua parte nobre – ou na ostra panada, com escabeche tépido do mar, migas de morcela da Guarda, rábanos, cenoura e laranja confitada (17€).
Nos pratos principais – do bacalhau ao salmonete, passando pela sapateira, pargo, polvo, corvina, peixe espada preto, pregado e lavagante – há um salmonete com ovo a baixa a temperatura, migas de pão, puré de alcachofra, favas e tomatada (39€), dentro do mais conceptual mas com sabores de conforto, ou um pargo legítimo braseado com puré de tupinambor, laranja, espinafres selvagens e sésamo e emulsão de alho negro (39€).
As sobremesas estão a cargo de Clayton Ferreira, o chef pasteleiro que trabalha há alguns anos com Diogo Noronha – como aliás grande parte da equipa do Pesca, entre cozinheiros e chefs de sala. Na onda doce, os seixos de pistáchio, framboesa e baunilha (11€) parecem mesmo pedras de rio, mas são pequenas delícias.
O bar, na entrada do restaurante, vai estar aberto das 12.00 às 00.00, com funcionamento autónomo do restaurante. Tem uma carta bem recheada, com 10 cocktails de autor, de Fernão Gonçalves, e um bar de ostras.
Rua da Escola Politécnica, 27 (Príncipe Real). Ter-Dom 12.00-15.00/ 19.00-00.00 (a cozinha)