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D'Olival: a loja que está com os azeites em São Bento

Escrito por
Catarina Moura
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É o primeiro mês de loja aberta na Rua Poiais de São Bento e Lino já pôs um americano a chorar. E sem artifícios ao estilo de programa de entrevista de vida de domingo à tarde. Foi só mesmo com azeite. “Ele não me avisou que tinha sido operado à garganta há pouco tempo e quis experimentar o azeite mais forte que temos”, conta Lino Rebolo à Time Out na D’Olival, a loja de azeites e afins que abriu no início do mês com Helena, a sua mulher. E percebe-se porquê: prova-se esse azeite Casa de Santo Amaro e sente-se um picante na garganta que resiste durante algum tempo. “No fim levou o azeite”, descansa-nos o dono da loja, garantindo que o cliente gostou e ficou de boa saúde. A D’Olival quer dar a provar este e outros azeites de pequenos produtores e mostrar as pequenas diferenças entre eles em provas espontâneas a qualquer hora do dia. É chegar e dizer que tem curiosidade, pois Lino quer mesmo dar a conhecer este mundo que o entusiasma. E ainda recebe uma pequena aula de como provar azeite.

©Francisco Santos

O interesse por azeites nem é assim tão antigo. Tem um ano, quando Helena começou a contactar com produtores e percebeu que havia mundo suficiente para uma loja especializada que desse a conhecer pequenos produtores e as suas histórias. “Há a ideia de que estas pessoas [que produzem azeite] têm dinheiro, mas passaram por muito para ter a sua marca e cada um tem a sua história”, conta Lino, lembrando o exemplo do dono da O Amor é Cego, que começou a fazer azeite com 230 oliveiras que recebeu de herança. Toda a gente lhe chamou maluco por ir produzir com tão pouca quantidade de matéria-prima e sozinho – foi ele que tratou as árvores e só pagou a trabalhadores na altura da apanha. Ao fim de um ano esgotou o produto com um rótulo que recebeu um prémio internacional de design que se pode ver no instagram da D’Olival, que vai publicando rótulos como quem diz “temos cá isto, venham provar”.

©Francisco Santos

Têm cerca de 40 referências na loja, de Trás-os-Montes, Alto Douro, Ribatejo, Tejo, Alentejo e Algarve. Num prato rotativo na mesa central da loja, decorada com materiais rústicos, há azeites de todos os tipos. É dar a essa espécie de roleta e Lino traz uns copos de shot e ensina como se faz: primeira cheira-se – alguns mais frutados, outros com aroma a relva cortada – depois espalha-se na boca e aspira-se algum ar para potenciar todos os aromas. “O pessoal diz que os azeites são como os vinhos, eu digo que são como as cervejas artesanais. Cada um tenta ir buscar qualquer coisa que o diferencia – um picante, um ácido. Há pequenos produtores a fazer coisas muito boas e é preciso perceber para gostar.” E há muita gente a entrar pela D’Olival e que percebe, conta Lino, os outros saem contentes com o nível 0 que o dono ensina num instante.

©Francisco Santos

Para além dos azeites, que podem ir dos 6€ do Fadista (500 ml) aos 29€ do Terras de Azibo, Lino e Helena esforçam-se por ter tudo o que possa cruzar-se com o este óleo: há sal aromatizado e flor de sal para temperar o azeite, há ervas pensadas para aromatizar o azeite, pastas de azeitona, azeitoneiras, conservas com base de azeite. Depois há também lugar para evoluções do próprio azeite, como o azeite para barrar, substituto da manteiga com orégãos, tomate ou ao natural, da Azeit’s (6,50€). Agora andam a investigar o que é azeite em pó e como podem vir a tê-lo na loja.

©Francisco Santos

A maior parte das pessoas que entram na loja são estrangeiros – não esqueçamos que há uma paragem do 28 mesmo no outro lado da estrada. Volta e meia passa o eléctrico e a barulheira tem de interromper a conversa, na mesa onde em breve o casal quer servir as tábuas mais simples da cidade: azeite, pão e meia garrafa de vinho. Para já, só vai havendo pão para molhar informalmente, até às 19:00, que depois Lino sai para o seu primeiro trabalho: treinador de râguebi do Agronomia.

Rua Poiais de São Bento, 81. 96 337 4811. Seg-Dom 10.30-19.00.

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