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Diz o ditado que Setembro ou seca as fontes ou leva as pontes. No caso de Lisboa, o mês não levou, mas elevou a Ponte 25 de Abril a miradouro e centro interpretativo. E vai levar, sim, na certa, milhares de pessoas às entranhas do Pilar 7, encimado por um novo miradouro mesmo junto ao tabuleiro rodoviário.
Localização: Pilar 7. A ponte inaugurada em 1966 tem 14 pilares, mas o pilar que interessa agora fica na Avenida da Índia, nas traseiras do Village Underground. Agora que já ninguém se perde, a novidade: a nova atracção turística de Lisboa inaugura já na próxima quarta-feira, dia 27 de Setembro, e vai levar os visitantes ao interior deste pilar para uma experiência sensorial que lhe diz tudo o que precisa de saber (e sentir) sobre uma das pontes mais bonitas do mundo.
Fomos ver o que valeram 5,3 milhões de euros, onde metade do investimento foi pescado da taxa turística.
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Arlindo Camacho
Esta viagem pela história, números e espaços até agora inacessíveis ao público começa cá fora, onde encontrámos grandes discos de metal encastrados no chão com informações relativas à construção da ponte. Mas há mais aprendizagem a caminho. Numa primeira sala o público tem acesso pela primeira vez à maqueta original da ponte, a peça central de uma cronologia que começa em 1824 com a aprovação da patente do cimento Portland, que marcou o início da era do betão na construção. E sabia que em 1876 foi apresentada a primeira proposta para uma ponte que ligasse as duas margens? Ou que em 1919 a empresa H. Burnay & Cia propôs um estudo sobre a construção de um túnel com a mesma finalidade? Só em 1959 é que o governo aprovou a construção da Ponte Sobre O Tejo e o concurso público lançado no ano seguinte. Os spoilers históricos acabam aqui, até porque agora passamos para o chamado maciço central do Pilar 7.
Após um controlo de segurança, o visitante entra na Sala dos Trabalhadores. Projectados nas paredes, vídeos em 360º mostram as intervenções feitas durante a construção da ponte. Na parede, junto aos trabalhadores, vai-se lendo "14 pilares no meio da cidade", "180 metros de altura", "2272m2 de comprimento". E sons, muitos sons, entre gaivotas, fortes marteladas e sons metálicos que se transformam em vibrações debaixo dos nossos pés.
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Arlindo Camacho
A sala seguinte é mais calminha. Aí os visitantes são envolvidos numa atmosfera azul, como se debaixo de água estivessem, uma experiência imersiva, mas amiga dos claustrofóbicos (tínhamos dois connosco que validaram a situação). Mesmo ao lado há um elevador que nos leva a uma segunda plataforma. Aí sentimos, ouvimos e vemos a aproximação do comboio projectada na parede e ganhamos acesso a duas salas gémeas onde moram as principais amarrações dos cabos de sustentação da ponte. Para a sua construção foram usados 54196km de fio de aço ao longo de 76 dias sem parar. Cada cabo tem 11248 fios de aço. Está lá tudo explicado.
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Subimos uma escada suspensa que dá acesso a outra área. E damos um alerta: não fique logo com tonturas, porque a profundidade aqui é apenas uma ilusão criada por espelhos instalados no chão e no tecto. E depois saímos, mas não acabou. A próxima etapa é um passadiço, a 10,72 metros de altura, que conduz ao elevador que o vai levar ao miradouro, mesmo ao lado do tabuleiro rodoviário da ponte, a 80 metros de altura. Feito parcialmente em vidro, oferece-lhe uma nova perspectiva sobre Lisboa, a mesma que tem ao atravessar a ponte, mas agora para ver nas calmas, sem o pé no acelerador.
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Arlindo Camacho
Há mais. Vistas as vistas, ao terminar a visita é convidado a entrar num espaço dedicado à realidade virtual. Com óculos e auscultadores na cabeça, é iniciada uma viagem virtual em 360º que acompanha os técnicos de manutenção até ao ponto mais alto da Ponte 25 de Abril. Só não dá para tirar selfies: afinal, aqui, estamos no mundo do faz-de-conta.
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Arlindo Camacho
Veja aqui o vídeo da experiência:
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Avenida da Índia. Maio a Setembro 10.00-20.00, Outubro a Abril 10.00-18.00. Encerra a 25 de Dezembro. Bilhete normal: 6€. Gratuito para crianças até aos 5 anos; + 65 anos, grupos com mais de 10 pessoas e estudantes: 4€. Realidade Virtual: 1,5€ (gratuito para crianças até aos 5 anos e portadores do Lisboa Card)
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