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No dia em que se fina o mês de Maio do ano da graça de 2017, recapitulamos as principais notícias que demos sobre a gastronomia lisboeta nos últimos 31 dias. Por outras palavras, estes são os sítios que mais entusiasmaram os jornalistas de Comer & Beber este mês.
O princípio de Maio – e, de certa forma todo o resto dele – ficou marcado pelo festival Sangue na Guelra. O evento que começou por reunir, há cinco anos, uma série de cozinheiros em jantares à volta do peixe e marisco, numa programação paralela ao Peixe em Lisboa, cresceu e modificou-se. Este ano, pela primeira vez, além dos jantares temáticos Young Chefs with Guts, onde a experimentação sempre foi a palavra de ordem, houve um festival de rua, o Blood n’Guts Lisboa Food Festival, no HUB Criativo do Beato, com 20 chefs a servir vários petiscos. O evento voltou a ter um simpósio, mas desta feita mais completo, assente em quatro pilares da cozinha portuguesa (pão, sangue, sal e frituras), com grandes nomes da cozinha a defender os produtos, que terminou com a apresentação do “Manifesto para o futuro da cozinha portuguesa”, assente em dez mandamentos ligados à sustentabilidade e raízes da cozinha. Vale a pena ler aqui.
A grande abertura do mês (vá, só um pouco de batotice: abriu no final de Abril) tem um nome chique, JNcQUOI (Avenida da Liberdade, 182-184) uma ementa chiquíssima, assinada pelo chef António Bóia, sobremesas chiquérrimas, feitas por um dos grandes da pastelaria, Joaquim Sousa e mesmo ao lado uns chiqu... - bom, não há mais superlativos mas percebem a ideia -, macarons da francesa Ladurée. Gastronomicamente falando, o projecto do grupo Amorim Luxury inclui também uma mercearia gourmet e um Delibar, que serve comida durante todo o dia.
Também a gerar alguma converseta, sobretudo pelo tipo de comida que serve, o Atari Baby (Rua de São Paulo, 120-124) é um restaurante dedicado à street food de Tóquio, assinado por um chef grego, Akis Konstantinidis. Tem mesas baixas de madeira, poucos focos de luz, néons na decoração e, na ementa, coisas diferentes como uma salada de caranguejo de casca mole em tempura, um ramen com barriga de porco, baos com diferentes recheios e até uma pizza de base muito fina, com atum, ovas de peixe e maionese de wasabi.
A chegar de outras latitudes à zona do Poço dos Negros, a Chipie La Galette (Largo do Dr. António de Sousa Macedo) é o novo negócio francês da cidade. A especialidade dá pelo nome de galette, é típica da Bretanha e é uma familiar do crepe, mas feita de trigo sarraceno, sem glúten e sempre salgada. Pode provar a Nordique, com salmão e creme de cebolinho ou a La Chèvre, com queijo de cabra, mel e nozes. E como manda a regra bretã na carta de bebidas está a sidra.
Importada de outro código postal, a Pascoalini Geladaria (Rua da Palmeira, 28B) veio de Santarém para o Príncipe Real com uma série de sabores inspirados na doçaria tradicional da zona. Há gelado de Pampilho, de Celestes (doce conventual à base de ovos e amêndoa) e de mousse de chocolate com Arrepiado, doce tradicional de Almoster.
Ainda na temática importações, de São Martinho do Porto veio o Pesqueiro 25 (Rua Nova do Carvalho, 15), novo restaurante de marisco do Cais do Sodré. A matéria-prima chega de Peniche, Setúbal, Açores e Berlengas e, não estranhe, é trabalhada o menos possível para manter o sabor do produto bem fiel. Como em qualquer marisqueira, há percebes, amêijoas, santolas e cavacos, há também uma sopa de lavagante com ovas e, para o remate final, um prego do lombo. Uma boa opção para jantares na zona.
Fora do centro, no bairro do Rego, fica o novo restaurante do chef Igor Martinho, vencedor do concurso Chefe Cozinheiro do Ano em 2009, que trabalhou vários anos com o chef Chakall e, depois de alguns tempo em Rio Maior, terra onde nasceu, voltou a Lisboa. O sítio chama-se Soberba (Rua da Beneficência, 229D) e tem uma cozinha de base portuguesa e algumas interpretações de autor. Há vários petiscos, como os camarões panados com maionese de açafrão e lima, carnes com diferentes maturações e alguns peixes cozinhados na grelha.
Com um conceito inspirado no sítio onde nasceu, o Café Bertrand (Rua Garrett, 73), dentro da livraria mais antiga do mundo, tirou das prateleiras os livros de cozinha e fez uma ementa baseada nas várias receitas escritas. Tem petiscos, saladas, sanduíches e torricados, criados a partir de livros de autores como José Avillez, Henrique Sá Pessoa ou Kiko Martins e é complementado com vinhos nacionais e cervejas artesanais.
E porque não há balanço mensal sem um sítio de comida saudável, eis a Despensa N.6 (Av. Sacadura Cabral, 6A). Abriu em soft-opening em Março, oficialmente em Maio, e define-se como uma healthy pastry. Tem boa oferta para intolerantes ao glúten, e vende desde granolas de cacau caseiras a pães de aveia com sementes de abóbora, de bolos sem açúcares a leites vegetais.