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A nova exposição temporária do Museu Nacional de Arte Contemporânea reflecte sobre a deslocalização através do olhar de Susana Anágua
O MNAC inaugurou a semana passada uma exposição individual de Susana Anágua, cujo trabalho se tem focado nos sistemas industriais e na sua relação com as estratégias políticas e económicas vigentes em cada época. Em "Desterro", patente no MNAC até 27 de Agosto, a artista parte da ideia de deslocalização e exílio, e constrói uma narrativa semi-histórica, semi-artística que analisa o fenómeno dos edifícios que a industrialização erigiu – e abandonou.
No final do século XIX e início do século XX, as pessoas deslocavam-se do campo para as cidades em busca de emprego e melhores condições de vida. "As cidades desenvolveram-se em torno das fábricas", contou-nos a artista, "e agora não as queremos". Nem fábricas, nem hospitais como o do Desterro, nem complexos industriais como o da Quinta da Matinha. Numa exposição de três obras, curada por Celso Martins, Susana Anágua cruza realidades e propõe uma reflexão sobre o carácter paradoxal destas empreitadas, com foco na zona ribeirinha de Lisboa e referência à cidade de Florianópolis, no Brasil.
A primeira obra consiste numa imagem desfocada de Nossa Senhora do Desterro, que vai ficando cada vez mais nítida, para depois voltar ao estado inicial. Segue-se um levantamento de imagens de fábricas e complexos industriais (fotografias próprias e de arquivo, vídeo, e uma pintura do brasileiro Bruggemann). A terceira obra é aquela que mais mão de artista tem. Passamos a explicar: Susana Anágua decalcou uma série de desenhos em papel químico, material muito utilizado pela indústria, mas deu-lhes um toque pessoal. Há naves espaciais envolvidas. Afinal, "ser artista também é poder mentir". Ou criar.
Para ver até dia 27 de Agosto na Sala Sonae do MNAC