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Um tipo aparentemente banal que, de um momento para o outro, dá por si numa situação estranha e para a qual nada o tinha preparado. Está longe de ser a premissa mais original mas, com o actor e os argumentistas certos, pode correr bem. Muito bem. É o caso de Ruptura Total (Breaking Bad, no original), uma das melhores produções televisivas da década. E parece ser o caso de Ozark, disponível a partir da próxima sexta-feira, dia 21 de Julho, na Netflix.
Apesar de o argumentista Bill Dubuque ser creditado como o criador, Ozark é a série de Jason Bateman. O actor, que humanizou o Michael Bluth de Arrested Development, De Mal a Pior (saudades), não só é o protagonista como realiza metade dos episódios. Interpreta Marty Byrde, um consultor financeiro que fez fortuna a lavar o dinheiro de um cartel mexicano, mas é um tipo completamente desinteressante. A série começa com ele a descobrir que a mulher o anda a trair e, passado um bocado, vê o sócio e mais três pessoas serem assassinadas por terem roubado oito milhões de dólares ao cartel.
Só se safa porque convence o tenente do cartel que consegue recuperar o dinheiro que lhe roubaram, com juros, mudando-se para os Ozarks, no Missouri, a “riviera redneck”, e movendo para lá a operação de lavagem de dinheiro. Uma mudança de ares inesperada que o obriga a mudar de vida e a arrastar consigo os filhos e a mulher (Laura Linney, excelente no papel), envolvendo-se em situações cada vez mais complicadas em que de outra forma nunca se meteria.
De uma maneira geral é demasiado escura e séria, mas a nova série da Netflix tenta encontrar alguma leveza nas personagens e situações. O mérito é de todo o elenco (Julia Garner, no papel de Ruth, é uma revelação), mas sobretudo de Jason Bateman, perfeito mais uma vez no papel de um tipo normal e pouco preparado para os desafios que tem de enfrentar enquanto se tenta apenas manter à tona. Será que consegue?