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A portuguesa Rita Braz fotografou 100 mulheres que gostam de outras mulheres para combater o preconceito e o resultado está num livro que acaba de ser lançado e numa exposição que chega a Lisboa em Fevereiro. Falámos com ela e percebemos como se fez a revolução.
Foi depois de uma viagem aos Balcãs com uma amiga que Rita Braz teve a ideia de começar um projecto fotográfico com mulheres. “Vivíamos em Berlim e o contraste que encontrámos na Croácia e na Bósnia fez-nos pensar quão diferentes seriam as nossas vidas se vivêssemos ali”, conta. “Isso levou-me a querer fotografar mulheres como nós e tentar quebrar o estereótipo existente.”
Numa parede algures em Sarajevo encontrou Q Revolt escrito a vermelho e pensou que seria um bom nome para o projecto. “Automaticamente achámos que queria dizer Queer Revolt e partir desse momento o nome ficou e fez todo o sentido para mim.”
Foram precisos quatro anos até a ideia de fotografar mulheres que gostam de outras mulheres ganhar força, em grande parte graças a um projecto de crowdfunding online. “Ficou um pouco estagnado devido à falta de financiamento e de tempo, até que em Março deste ano, ao falar com amigos sobre o assunto, achei que seria uma boa ideia recomeçar e o Kickstarter pareceu-me uma boa plataforma para tentar angariar dinheiro”, explica a fotógrafa, que vive em Berlim há sete anos.
Ao todo, perto de cem pessoas contribuíram – “amigos, família e até completos desconhecidos” – e foram angariados mais de cinco mil euros para o projecto. O objectivo era concreto: “Dar visibilidade a mulheres como eu, que não se encaixam no estereótipo do que uma mulher que ama outra costuma ser”, afirma. “Queria mostrar a maior diversidade possível, mostrar que não há um só tipo de mulheres, mas todo um espectro, tal como as mulheres que amam homens.”
Para retratar essa diversidade percorreu vários lugares do mundo. De Berlim a Hamburgo, de Viena a Amesterdão, passando por Nova Iorque, até chegar a Lisboa e ao Porto. Ao todo, foram cem mulheres de várias idades e nacionalidades. “Algumas pessoas fazem parte do meu círculo de amigos, outras pessoas contactaram-me e outras contactei eu”, conta. “Pedi-lhes que escolhessem um sítio que gostassem e onde se sentissem confortáveis. Para mim era importante mostrar um sítio que dissesse algo sobre a personalidade de cada pessoa, mostrar um contexto e aproximar estas mulheres da realidade.”
O resultado do projecto pode ser visto numa exposição que está desde o dia 7 na galeria Studiolo, em Berlim, e num livro que pode ser encomendado online (com T-shirts Q Revolt a condizer) em qrevolt.com. Em Fevereiro, a exposição deverá chegar a Lisboa, mas ainda sem data nem local marcado. “Será em conjunto com a TARA Gallery (www.taragallery.pt), que tem apoiado o projecto desde a fase inicial.”
Há várias alfacinhas retratadas em vários lugares da cidade e Lisboa foi uma das cidades mais receptivas ao projecto. “Berlim é uma cidade mais aberta (…), mas em Portugal tive muito mais procura de pessoas que queriam ser fotografadas, porque acreditavam que a visibilidade era meio caminho para se combater este preconceito. As pessoas estão interessadas em fazer parte da mudança, e isso é fantástico.”
O livro (34€) e as T-shirts do projecto (20€) estão à venda em www.qrevolt.com