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Tamara Alves, uma das dezenas de artistas que participam na exposição colectiva de Verão da Ó! Galeria, queimou as ilustrações que agora estão nas paredes das duas galerias, a de Lisboa e a do Porto. As suas, claro. “Além do carácter destrutivo, o fogo serve como analogia à paixão e ao amor”, explica.
“O papel queimado revela outra pele, que assume o ‘não normativo’”, continua, com “um homem maquilhado [a ilustração pode ser vista no Porto] e uma mulher de bigode [em exposição em Lisboa]”. “Uma pele não tem género, tal como o amor”, remata.
Além dela, outros 27 artistas compõem “Gender Bender”, a colorida exposição que pode ser vista até 5 de Setembro em simultâneo na Ó! de Lisboa, nas mais recentes instalações na Calçada de Santo André, na Mouraria, e na Rua Miguel Bombarda, no Porto. O objectivo é desfazer todos os estereótipos associados ao género feminino e masculino (afinal, gender bender é isso mesmo, desafiar todos os estereótipos que associamos a determinado género).
Se está a planear uma viagem à Invicta, não deixe de passar pela galeria, já que as ilustrações e trabalhos originais são diferentes nos dois espaços, garante a fundadora da Ó!, Ema Sara Ribeiro. Esta é a primeira exposição LGBT da galeria que nasceu no Porto e chegou a Lisboa em Novembro de 2015 como uma pop-up store a pensar nos presentes de Natal e que, felizmente, acabou por ficar.
No que diz respeito à temática, a galeria já teve “alguns trabalhos” do género (neste caso, sem género), mas “nunca ninguém propôs uma exposição LGBT, daí a escolha para esta exposição colectiva”, continua Ema. “Além de achar oportuno, há mercado. É uma temática que ainda não está explorada o suficiente na ilustração.”
Enquanto alguns artistas “tiveram dificuldades”, “a maioria encarou o tema como um desafio interessante”, diz a fundadora da Ó!. Mariana A Miserável, por exemplo, uma das ilustradoras mais antigas da casa, preparou dois trabalhos: um é um gelado de dois sabores, porque lhe “apeteceu”, explica, outro uma “homenagem” à comunidade drag. “O meu desenho é a cabeça de uma drag queen aberta e por dentro vê-se glitter e flores”, descreve. “É como imagino que é feita, de brilho e coisas boas. Muito acima e além daquilo que normalizamos em cada género.”
Além de Tamara Alves e Mariana A Miserável, a exposição conta com trabalhos de artistas como Julio Dolbeth, Leonor Zamith, Hélia Aluai, Joana Estrela, Joana Rosa Bragança, Maria Herreros, Tina Siuda, David Penela e Bárbara Fonseca, entre outros.
Todas as obras estão à venda e os preços variam entre os 25€ e os 250€.
Até 5 de Setembro na Ó! Galeria. Calçada de Santo André, 86 (Mouraria). Seg-Sáb 11.00-20.00. Grátis