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Na semana em que dedicámos o tema de capa ao Chiado, quisemos destilar o nosso amor e ódio pelo coração do cidade.
Amamos
Ver as montras da Hermés, sempre feitas por artistas locais;
A carrinha do fado, que mesmo sendo o maior cliché turístico, faz da Rua do Carmo a única rua da cidade com música própria;
Comer ovos verdes e ver o Tejo no terraço da Cantina das Freiras;
A vista rio de quem desce a Rua da Misericórdia – e continua caminho fora pelo Alecrim abaixo;
Os croissants da Bénard servidos com faca e garfo;
Encontrar sempre alguém conhecido na Rua Garrett;
Que existam geladarias em várias esquinas;
Que o único bolo com nome do bairro, o Chiado, da Tartine, uma verdadeira delícia;
O primeiro dia de saldos;
As flores do lado de fora da porta do Pequeno Jardim;
Que Tous tenha mantido a fachada e a traça da Ourivesaria Aliança;
O Parque do Carmo, por nunca ter fila para entrar e ter sempre lugares nos andares de baixo;
Poder tomar um café na Louie Louie, depois de encher um saco com álbuns ou filmes usados;
A programação musical, as visitas guiadas e os eventos ao ar livre do Teatro Nacional de São Carlos;
As histórias de fantasmas que os alunos de Belas Artes contam – consta que a faculdade foi construída sob um cemitério;
As vizinhas Igreja da Encarnação e a Igreja do Loreto, separadas por poucos metros de distância;
A Feira dos Alfarrabistas do Chiado, aos sábados;
O desenho da calçada do Largo do Chiado visto de cima (a loja da Benetton é um bom sítio para ver);
A vista das mesas do restaurante Sushicorner nos Armazéns do Chiado. Até nos esquecemos que estamos a comer fast food.
Odiamos
A quantidade de causas humanitárias a que temos de dizer não quando subimos a Rua do Carmo:
Ter de esperar na fila do Santini – experimentem ir à loja do Museu dos Coches;
Que continuem a poder circular e sobretudo estacionar carros na Rua Garrett;
A falta de sítios para comprar tabaco, sobretudo à noite (sobra pouco mais que a Brasileira e é preciso esperar que desbloqueiem a máquina);
Subir a Rua do Alecrim – se tivermos ido ao ginásio no dia antes, ui...;
Os senhores que vendem louro prensado na rua;
O preço das rendas;
O cruzamento, semáforo e passadeiras entre o Largo do Chiado e o Largo Camões;
As escadinhas da estátua do Camões estarem sempre todas sujas, nem dá para uma pessoa se sentar;
O facto de as lojas fecharem as 20.00 (é muito cedoooo!);
O caos que é o foodcourt dos Armazéns do Chiado, sobretudo ao almoço;
Não conseguir sair do Parque da Estacionamento da Rua da Misericórdia sem riscar o carro;
Os vendedores de rua a atirar para o céu aqueles brinquedinhos que chiam e que podem acertar nas nossas cabeças (apesar de, na verdade, nunca acertarem);
Que o passeio da Rua Garrett seja tão escorregadio, em especial na zona mais íngreme;
Que haja tão poucas caixas multibanco;
Decorações natalícias precoces;
Que o elevador de acesso aos Terraços do Carmo nunca funcione;
Apanhar as escadas do metro paradas.