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A 40.ª edição do Portugal Fashion não foi excepção, com Lisboa a inaugurar o calendário. Foram quatro desfiles à moda antiga na Cordoaria Nacional e com uma apresentação bem mais recatada, que levou amigos e convidados à loja dos Storytailors. No final da noite, além do cheiro a pinho (já explicamos), ficaram vislumbres de um Outono cheio de conforto no vestir.
Às quatro, lá em casa
Ao mesmo tempo que inauguraram o calendário de desfiles do Portugal Fashion, os Storytailors deram à volta ao texto, que é como quem diz trocaram a passerelle por uma apresentação bem mais intimista na própria loja, na Calçada do Ferragial. Se houve modelos? Houve, sim senhor. Deram corpo a Alexithymia Black Hills, uma colecção marcada por padrões saídos do próprio ateliê da dupla. As quatro estações estiveram na base de tudo e ditaram as cores, do princípio ao fim da performance. Sim, os coordenados deambularam, pousaram e estiveram à disposição de quem assistia. Mas a contracorrente de João Branco e Luís Sanchez não fica por aqui. Enquanto os restantes criadores antecipam ou próximo Inverno, a dupla voltou a apresentar a colecção Primavera-Verão, seduzida pelo famoso formato see now, buy now.
À faina
Depois de Milão, Pedro Pedro veio a Lisboa apresentar as suas propostas para o próximo Inverno. Na verdade, numa noite de chuva e frio como a de ontem, as borrachas e os encerados tinham dado um jeitão no regresso a casa. Sem eles, limitámo-nos a ver desfilar uma colecção inspirada pelo mar e pela pesca. O criador navegou por volumes exagerados, cortes assimétricos e pormenores excessivos e convocou vários materiais técnicos para compor uma colecção pensada para resistir a condições adversas.
Já fui até Timor
Alexandra Moura também já foi. O fascínio por culturas distantes não é de agora, tal como esta não foi a primeira vez que vimos a colecção Cá e Lá, para o próximo Inverno. A designer partiu do Portugal do século XVIII e fez escala em Timor-Leste para depois explorar o exotismo em estado puro da restante Indonésia, uma terra representada pelos castanhos e ocres, mas também por têxteis e padrões vindos directamente do outro lado do mundo. Mas os contrastes não se fizeram esperar. Os veludos, os motivos florais e as múltiplas interpretações da típica camisa de gabinete trouxeram o ocidente para a passerelle, ao mesmo tempo que as silhuetas masculinas e femininas nunca estiveram tão próximas.
Pano para gangas
E houve muitas. Misturadas com seda, veludo e caxemira, numa colecção que a dupla lisboeta diz ser uma miscelânea emotiva. E se houve emoção. A Cordoaria encheu-se com um público muito próprio. As fãs de Alves/Gonçalves não pouparam nas interjeições de espanto e sinalizaram in loco as peças que vão directas para a wishlist do próximo Inverno.
Floresta encantada
Comecemos pelo cenário (como não?). Não foi à toa que a TM Collection ficou para o fim. A Cordoaria virou bosque, a condizer com os algodões, com a seda pura e com a lã de iaque, os materiais 100% naturais que a marca usa na nova colecção. O desfile foi para lá de coreografado. Houve dança, música e um batalhão de modelos e convidados a invadir a passerelle no final. Tudo o resto, foram silhuetas soltas do corpo e tons neutros cheios de significado.