8 maravilhas a não perder no 8 Marvila

É o novo sítio trendy da cidade e fervilha de quinta a domingo. Quem vem de fora, sente o espírito criativo em cada recanto. Quem se demora, sente-se parte de uma comunidade. Passamos o dia no 8 Marvila e temos 8 maravilhas para recomendar.

8MARVILA - cp
D.R.
Time Out em associação com 8Marvila
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É meio-dia em ponto quando as portas do 8 Marvila se abrem. O plano estava bem delineado: passar um dia inteiro ali para aproveitar tudo o que o novo espaço tem para oferecer. E, acredite, é fácil perder-se nas horas e encontrar-se a cada novo espaço. A vida no 8 Marvila é calma e há um sentimento de loja de rua, quase de bairro, em que os comerciantes se conhecem e se entreajudam – mas cada um dos espaços tem programação própria ou novidades, sempre. Fomos de dia, mas ficámos com o bichinho para voltar à noite. 

1ª paragem: The Cosmic Collective

É uma das primeiras lojas do corredor principal e, quando chegamos, Cláudia Brito está à porta, a acender incenso e a receber-nos. De sorriso plácido e num ambiente com iluminação suave, convida-nos a sentar para uma conversa que, já sabemos, desaguará numa leitura de cartas de tarot. 

Cláudia é a mentora do hub holístico, mas também faz reiki e medicina energética no espaço. Como colectivo, são várias as terapias e os terapeutas que pode encontrar: do emotional release às várias massagens, da astrologia às constelações familiares, são muitas as formas de se reencontrar. Os preços começam nos 25€ e vão, no máximo, até aos 120€. 

Feitas todas as perguntas necessárias à elaboração deste texto, passamos para a leitura (e para as nossas perguntas). Escolhemos o baralho, e entregamos ao destino as respostas que não tardaram. À procura de mais liberdade, mas sempre com uma noção de estabilidade são as únicas palavras que podemos revelar. O resto? Fica entre nós, as cartas e a Cláudia.

A recomendação é que visite o instagram, perceba quais as terapias que melhor se encaixam e parta à descoberta do seu lado mais místico. Vale a pena!  

2ª paragem: almoço no MATO 

 

O melhor do 8 Marvila talvez seja isto: a facilidade com que saltamos de um plano para outro, de como conseguimos passar o dia todo em actividades que não acabam e não aborrecem. Nesse circuito, uma das paragens obrigatórias é no MATO, um restaurante onde o vegetariano e o plant based se sentam à mesa com todo o sabor. 

Entre indecisões e cedências, escolhemos a focaccia shiitake (8€) e a burrata zucchini & pistachio (10.50€) para partilhar, enquanto nos aventuramos nos mocktails e sumos naturais (a partir de 4€) para refrescar. 

E pizzas? Não há palavras para as pizzas. Escolhemos a 8 Marvila (15.50€), como não poderia deixar de ser, mas também fomos surpreendidos pela Biofilia (13€) e pela Raiz (17€).

3ª paragem: Elisa Rezende 

Sim, assim em nome próprio. É isso que sentimos quando entramos no estúdio – que não é só um estúdio, mas também galeria – de Elisa, a tatuadora que nos faz querer tatuar mais, e mais, e mais. Sentamo-nos “só para conversar”, mas acabamos com ambos os tornozelos tatuados e com vontade de voltar. 

Como todos os tatuadores, Elisa já se tatuou a si própria, já fez tatuagens no próprio quarto, já tinha estado num outro estúdio. Mas é no 8 Marvila que está em casa. O estúdio é a sua cara: descontraído, com uma vibe urbana, confortável. Ao folhear o livro de flashes, percebemos aquilo que depois nos confirma: a tendência para desenhar – e tatuar – com um lettering muito característico, as figuras femininas, os motivos feministas, os olhos. Prevalecem o preto e o vermelho, e o traço mais grosso, ainda que, a pedido, o fine line lhe saia na perfeição. 

É por aqui que vamos, depois de alguma indecisão. Afinal, uma tatuagem não é algo que se decide de ânimo leve… ou será? A convicção e confiança em quem segura na máquina, convencem-nos. Saímos do estúdio com uma nova tatuagem (ou contará como duas?) e com a recomendação: se passar pelo 8 Marvila, pode arriscar uma flash tattoo. Os preços começam nos 60€. 

4ª paragem: The Lisbon Frame 

Click! É a primeira coisa que nos apetece fazer quando chegamos à The Lisbon Frame, uma loja que tem tanto de instagramável como de analógico. É o paraíso para quem gosta de máquinas fotográficas retro, para quem procura rolos para as que já tem ou para quem anda sempre em busca de um sítio para revelar negativos – cada vez mais raro nos dias que correm. 

Na loja, Gonçalo Santos explica-nos quais são os mais procurados e a oferta existente, pontuando sempre com a sua paixão pessoal pela fotografia analógica. Pedimos-lhe algumas recomendações e pondera entre uma máquina dos anos 60 e uma “point & shoot” rápida – a mais procurada para quem gosta de memórias em modo old school

Após escolhida a máquina, não saímos sem os rolos: a preto e branco ou a cores, é o grão que faz a diferença, ainda que com a edição possível em laboratório, qualquer opção seja boa. Os rolos rondam os 10, 12€ – um achado nos dias de hoje. Saímos como entramos: gravando a imagem na memória. Click! 

5ª Paragem: Ro Archive 

É uma loja, mas também é um atelier. E é ali que se desenha e produz cada peça, pensada para ser de quem a quiser. Confuso? Nós explicamos: há peças já produzidas, que pode comprar, mas que também podem servir de inspiração e sofrer alterações. Saias, vestidos, camisolas e corpetes são adaptáveis a corpos mais masculinos ou mais femininos. O que conta é a vontade de os levar. O resto é o princípio da (sua) história com peças únicas. 

No atelier, privilegia-se o dead stock – neste caso, tecidos fabricados que de outra forma nunca veriam a luz do dia. O conceito de sustentabilidade aplica-se também à produção: com o atelier a paredes meias com a loja, não há transportes envolvidos. 

Na loja, encontramos Rodrigo, o dono da loja, e João. Conheceram-se enquanto ainda estudavam, como todos os que ali trabalham, e decidiram que o caminho da criatividade se faria de mãos dadas. Salientam as diferentes visões, essenciais num atelier, e a forma como o 8 Marvila trouxe uma nova vida ao projecto e alavancou o nome. Os clientes, para já, são maioritariamente estrangeiros, por ser um público que procura a qualidade e que não se importa de pagar mais por peças. Ainda que haja alguma escolha, ambos são peremptórios: aquilo que mais gostam é do desafio de pensar numa peça especificamente para alguém, fazê-la de raiz. Mas, sublinha Rodrigo, “sempre uma peça com a linguagem do atelier”. Neste caso, cada peça fala mesmo por si. 

6ª paragem: Anomaly 

A loja não é uma anomalia – pelo contrário, funciona lindamente – mas o nome, de alguma forma resume-a: foge às regras convencionadas de uma loja vintage, com roupa em segunda mão. Foge às regras de todas as outras lojas de roupa, também. Joana criou um espaço onde é suposto vir, apreciar, namorar as peças e dar dois dedos de conversa. Ainda que as vendas sejam importantes, a mentora do projecto nunca as força. Afinal, vender roupa vintage é vender de forma mais consciente, pensar no ciclo de vida de cada peça, e no passado e futuro que tem. 

Não a ouvimos, uma única vez, incentivar à compra compulsiva. Experimentar, pensar e voltar são verbos que lhe saem da boca mais do que uma vez. Até porque, na concepção do projecto, Joana imaginou uma loja onde, quem entra, passa e pára para dois dedos de conversa e até, quem sabe, para beber um copo. 

Com fornecedores escolhidos a dedo e várias viagens para escolher cada peça, monta expositores por cores, onde até a disposição das roupas surpreende. Explica que o mercado vintage é, também ele, cíclico, e que há algumas peças que já não se encontram. Mas também isso mostra o interesse pelas marcas e fá-la prever que aquilo que escasseia agora, voltará para outras vidas daqui a uns anos. 

Na Anomaly, quisemos agarrar, provar e comprar. É uma garantia para a próxima visita.

7ª paragem: Because Art Matters

Por entre lojas e estúdios, o corredor do 8 Marvila acaba, para nós, em grande: com uma galeria de arte. Gonçalo Magalhães é o fundador do projecto e escolhe, a dedo, cada artista que faz parte da Because Art Matters. O percurso começou há seis anos, em modo pop up, mas ganhou morada fixa no 8 Marvila. 

Por entre compartimentos onde as paredes se parecem multiplicar, com peças únicas, explica-nos que a galeria funciona com “três ou quatro grandes exposições por ano”. O resto do tempo, a colecção vai rodando, o que faz com que quem a visita regularmente sinta sempre que está a ver uma exposição diferente. Na opinião de Gonçalo, a visita, tal como o próprio processo de coleccionismo, é como deve ser, experiencial. 

Na galeria encontramos três linhas de artistas, que fazem parte da linguagem curatorial de Gonçalo: o universo da arte contemporânea, onde muitos artistas vêm mesmo da street arte; o universo da arte psicadélica e o universo da escultura. No fim de contas, a galeria faz-se com 50% de artistas nacionais e 50% de internacionais. “Todos artistas consagrados”, sublinha. 

Mas a galeria não é só uma montra do olho artístico e visionário de Gonçalo. É possível comprar as peças que ali vê, à medida da sua vontade. O projecto envolve, além da vertente de exposição e venda em galeria, alguns projectos colaborativos com marcas, bem como bespoke collections – projectos de decoração de interiores onde a arte fica a cargo de Gonçalo. 

Para o curador, “comprar arte é comprar energia”, e “uma peça de arte, numa casa, muda o perfil e a energia desse espaço”. Podemos parecer suspeitos, mas acreditamos que qualquer peça que encontre na Because Art Matters vale um olhar mais demorado e garante a mudança em qualquer casa. 

8ª paragem: The Marvila Bakehouse 

O dia acaba em beleza, com a já merecida pausa para descansar, debater os pontos altos da visita – todos! – e encher a barriga. Entrámos na The Marvila Bakehouse e não saímos desiludidos. Entre doces e salgados, o difícil foi mesmo escolher. Já as bebidas deram azo a menos indecisão: para refrescar, uma limonada orgânica (3.80€). Para acordar, um latte (3.50€) tão bonito que quase nem queríamos desfazer. 

Decidimos dar uma pausa à dieta e explorar todas as delícias. Para a mesa veio uma Chocolat Chip Cookie (3.20€) tão cremosa que nos deixou quase a chorar por mais, um surpreendente croissant de pistachio  (4€) e uma mini babka (4€). 

Nos salgados, a croque madame (11€)  fez as delícias de toda a mesa e deu-nos a certeza de que o The Marvila Bakehouse é um sítio para todas as horas, mesmo para um almoço mais leve. Quem sabe para a próxima? 

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