A entrada na sala é desconcertante: seis bandeiras parecem pairar imobilizadas no ar e um órgão no chão com um calhau sobre o teclado lança um som contínuo. As bandeiras perdem a rigidez e agitam-se com a deslocação do ar produzida pelo visitante. A pedra pressiona uma oitava de sol a fá, evocando uma composição de Terre Thaemlitz, e toca 15 minutos de hora a hora. Uma outra peça sonora entra na exposição: é uma faixa-bónus escondida (spoiler: vai fazer-se ouvir ao pôr-do-sol).
A série "Sunbird", as bandeiras, são mantas de sobrevivência a servir de tela a poemas de escritores e escritoras palestinianos na diáspora. O lado dourado tem os poemas na língua em que o artista os conheceu e o lado prateado a tradução para português, explica a folha de sala, acrescentando sobre elas que são testemunhas da violência, tal como aqueles que cobriram e viram a morte ou, pelo contrário, a quem tornaram a vida possível no meio da violência.
Galeria Vera Cortês. Rua João Saraiva, 16, 1º (Alvalade). www.veracortes.com. Ter-Sex 14.00-19.00, Sáb 10.00-13.00/ 14.00-19.00. Até 7 Set (férias: 4-19 Ago). Entrada livre (toque à campainha)