As melhores coisas para fazer na Parede

Manuel Román, natural de Porto Rico e dono da escola com o mesmo nome da música de Bob Marley, acha que as pranchas de stand-up paddle se tornaram “nas novas gaivotas da praia”. E isso não é bom. “Vai dar muitos problemas”, considera. “Todas as semanas alguém é resgatado, [muitas escolas] só se preocupam com vender.” Na sua escola, a preocupação é sempre a formação dos alunos e o bem-estar na Praia da Parede, “a Praia do Reumático”, como alguns lhe chamam, onde se instalou no Verão de 2010. Só aluga pranchas a quem já frequentou as suas aulas para ter a certeza de que podem ir para dentro de água “sem dores de cabeça”. É que o stand-up na Linha não é tão fácil como parece e há correntes que afastam a prancha para bem longe. A Praia das Avencas é o seu paraíso preferido, só comparável mesmo a Porto Rico. “Só faltam os coqueiros.”

Com quase 120 anos, a SMUP – Sociedade Musical União Paredense foi em tempos conhecida pela sua banda filarmónica e pelos bifes, os bitoques à SMUP, com fama de estarem no top da Linha. Os tempos mudaram e a SMUP fechou portas em 2009, para remodelações no edifício. A obra ficou concluída em 2015 e a sociedade continua a funcionar com aulas de teatro e música e uma oficina de dança. No final de 2014, ganhou um restaurante, o Sociedade, de Leopoldo Garcia Calhau, que entretanto tem nova gerência, “mas o mesmo gosto pela cozinha portuguesa”, garantem os novos quatro donos.

Numa era de padarias normalizadas, a Pastelaria Ribeiro, quase centenária e a mais popular da Parede, é uma espécie de oásis. Gerida pela família Nunes e com várias gerações de clientes, tem bolos para todas as ocasiões. Há quem elogie os pastéis de nata, há quem elogie os húngaros, há quem espere pela ocasião certa para encomendar um bolo de aniversário e há quem conte os dias para o Natal para ir buscar um bolo-rei, pelos vistos o preferido de Miguel Esteves Cardoso – que disse em 2017, em crónica no Público, que “é sumptuosamente tradicional” e “alto e fofo, feito nuvem de passas perfeitamente encharcadas, sem as manchas grosseiras de açúcar branco com que é mania poupar uns cêntimos.”

Depois da zona costeira do Parque Natural da Arrábida, a Praia das Avencas passou este ano a ser a segunda zona perto de Lisboa considerada Área Marinha Protegida. Durante a maré vazia é mais fácil perceber porquê e caminhar pelos trilhos com cordas cor de laranja, para não pisar nada que possa destruir este ecossistema com ouriços, estrelas do mar, lapas e afins. Um verdadeiro “safari subaquático”, como descreveu a vereadora do ambiente da Câmara de Cascais, Joana Pinto Balsemão, ao jornal Público.

Este snack bar em cima das Avencas funciona como café de apoio à praia. Tem uma esplanada, com vista para o mar, perfeita para aquelas horas de maior calor ou sentir a brisa do mar ao final da tarde. Se lá for, peça uma tosta de frango ou de banana para matar a fome entre mergulhos e sumos naturais, sempre sem gastar nota grande.

O Eduardo das Conquilhas é a cervejaria mais popular da Linha. A tasca começou por servir croquetes e pastéis de bacalhau e acabou por transformar-se em cervejaria e ganhou fama graças ao marisco e às conquilhas à Eduardo (até têm os seus próprios viveiros). Agora está a caminho dos 55 anos. Já Eduardo tem 89 anos e é o filho, Ricardo Santos, que toma conta do negócio. Os empregados do restaurante, muitos deles familiares, são os mesmos há anos, tal como os clientes que enchem as mesas dentro do restaurante e na esplanada. De tal maneira que é difícil conseguir lugar – e não se aceitam reservas. Em 2015, e em jeito de comemoração de meio século de restaurante, abriram outro restaurante, o Eduardo dos Petiscos, no então renovado Mercado de Carcavelos.

A pastelaria da luso-brasileira Daniela Freitas abriu em Novembro de 2016 e tem o melhor de dois mundos: “a pastelaria tradicional portuguesa e a doçaria tipicamente brasileira.” Por exemplo, brigadeiros de vários sabores, um bolo de banana sem açúcar e sem farinha de trigo, pão-de-ló, pastéis de nata, taças de açaí ou o Docinho Sem Culpa, uma criação “mais light” de Daniela, com tâmaras, ameixa, amêndoa e cacau. Ao olhar, seja para a montra virtual nas redes sociais ou para a verdadeira, é difícil não babar. E ao fim-de-semana há brunch.

Há quase uma década na Parede, o Sushiway une a gastromia asiática mais tradicional às fusões. Conte portanto com peixe fresco e frutas da temporada na ementa, onde encontra, por exemplo, tártaro de atum (8,50€), carpaccio de salmão (6,90€) e combinados de sushi (dos 11,50€ aos 59,50€). Também há temaki, hossomaki, frutomaki, uramaki, hot rolls, sashimi, gunkan e nigiri. Ao todo são 72 pratos e três chefs na cozinha, para garantir que tudo chega à mesa na perfeição. Se é fã de sushi, estará certamente no paraíso.

A história deste parque, na freguesia da Parede, remonta ao início do século XX. Domingos José de Morais, industrial abastado e dono da fábrica “Portugal e Colónias”, era o proprietário dos terrenos, tendo ali a sua casa.  O actual Parque Morais descende, assim, dos vestígios do jardim formal da moradia, que foi adquirida pela Comissão de Iniciativas do Concelho de Cascais e por um grupo de particulares, na década de 30. Nessa altura, parte do parque passou a albergar a Associação de Beneficência e Socorros Amadeu Duarte, o Posto de Socorro e os Bombeiros Voluntários de Cascais – 6.ª Estação da Associação Humanitária e Recreativa Cascalense. Agora, o espaço – também conhecido como Jardim Moraes e “parque dos patinhos” – está equipado com um parque infantil (recentemente remodelado), um pinhal com área para merendas, um lago com aves domésticas e um amplo relvado. Uma vez por mês recebe uma feira de velharias. Com um extenso jardim com roseiras, herbáceas vivazes e grandes árvores, torna-se um local único para descansar e contemplar a natureza.

Já conhece os playgroups? São encontros feitos a pensar nos miúdos que ainda não frequentam a escola e, por isso, não têm outros com quem brincar. Teresa Fialho é uma dessas mães que escolheu ficar com os filhos em casa e criou o Let's Play, um dos playgroups da zona de Lisboa, que decorre maioritariamente em jardins. Mas a necessidade de ter um espaço físico para promover estes convívios levou à criação da República das Mamãs, um espaço na Parede com o mesmo objectivo, o de entreter a criançada, com a adição de agora também se dedicarem a actividades direccionadas aos pais. É um open space com direito a um espaço de cowork, em que os cuidadores das crianças podem trabalhar ou somente ter um momento de lazer, enquanto as crianças estão acompanhadas por uma educadora nas actividades. Além disso, há workshops, cursos e formações direccionados à maternidade e ao mundo da puericultura.

Pratos, copos, talheres e toalhas. Chapéus, bandeirolas, etiquetas e guardanapos. Grinaldas, formas, balões e velas. Expositores de bolos, pacotes de pipocas, bolas de papel e confetis de cores. O site permite fazer a festa toda sem levantar o rabo da cadeira. A loja propriamente dita, na Parede, é capaz de acordar um morto: é uma festança, só de lá entrar. Há acessórios para todo e qualquer tipo de celebração, seja qual for o tema – ballet, circo, super-heróis, passarinhos ou índios –, além de tudo o que é preciso para fazer bolos, cupcakes, cakepops e bolachinhas a fazer pandã.