Fuseta
Arlei Lima
Arlei Lima

As praias paradisíacas que ainda resistem no Algarve

O Algarve também tem areais quase desertos. Duvida? Descubra estes oásis ao longo da linha de costa.

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Sugerimos 14 areais no Algarve que costumam ter espaço para estender a toalha, espetar o guarda-sol e esticar as pernas sem tocar em ninguém. Estes oásis não o vão desiludir, é garantido. Não acredita? Fomos do Barlavento ao Sotavento, sempre com os pezinhos de molho, à procura das praias perfeitas para descansar do mundo e fingir que não está no Algarve, mas numa qualquer ilha paradisíaca, longe da civilização. Pelo caminho, encontrámos ondas ideais para surfar e areais perfeitos para ver as vistas, ver e ser visto (à distância, claro está) ou até para andar como veio ao mundo.

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As praias paradisíacas que ainda resistem no Algarve

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Do alto de Cacela Velha, não há quem resista à paisagem. A Ria Formosa em fundo e a praia da Fábrica logo ali. Há quem se aventure na travessia a pé, mas o nosso conselho é que o faça de barco (para quê complicar?). Uma vez do outro lado, basta andar ora para o lado direito, ora para o lado esquerdo, e o que não faltará é espaço para estender a toalha e um mar cristalino.

COMO CHEGAR: O cais de embarque fica junto ao restaurante Sítio da Fábrica, em Cacela Velha. Mas também pode ir a pé, a partir da praia de Manta Rota.

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O caminho até à praia é pedonal, seguindo ao longo de campos agrícolas onde se observam oliveiras e alfarrobeiras de aparência centenária. Com a proximidade do mar, surgem exuberantes matos litorais, com zimbo, carrasco, aroeira e palmeira-anã, a única palmeira nativa da Europa. Aninhada entre arribas douradas, onde são visíveis fósseis marinhos, esta praia em Sesmarias, Albufeira, entre as praias da Guia e da Galé, é das mais abrigadas do vento. É, também, a praia predilecta do ex-presidente da República Aníbal Cavaco Silva. Talvez pela beleza das galerias e grutas resultantes da erosão das águas doces e salgadas sobre a rocha calcária. O areal não é, contudo, muito extenso. É que, embora a praia tenha uso balnear, está classificada como praia de uso limitado uma vez que larga extensão do areal se encontra inserida em zona de risco de derrocada.

COMO CHEGAR: Na estrada principal, ir para a Praia do Castelo. Depois de virar à esquerda, surge a única placa para a Coelha. Virar à direita e logo à esquerda, para uma estrada esburacada. Depois do Hotel Baía Grande, na bifurcação, ir pela esquerda. Estacionar onde der e percorrer 800 metros até às arribas. Ir sempre pela esquerda, por caminhos de terra batida, até chegar à praia.

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Reza a lenda que o nome surgiu por causa de um naufrágio do qual sobreviveu apenas um homem que deu à costa nu. Talvez sugestionados pelo nome da praia, os praticantes de naturismo adoptaram-na e fizeram dela um dos seus lugares predilectos para andarem como vieram ao mundo. Hoje em dia costuma surgir também em guias LGBT nacionais e internacionais. Na extremidade ocidental da Ilha de Tavira, entre a área naturista oficial da Praia do Barril e a barra da Fuseta, é deserta e selvagem, sem qualquer tipo de apoio, por isso, leve comida, água e protector. Pessoas vestidas também são bem-vindas.

COMO CHEGAR: Não é fácil lá chegar. Antes de tirar a roupa e de se esticar ao sol no longo areal (sempre são quatro km de praia), há que apanhar um aqua-táxi que sai da Fuseta.

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Ainda há praias tranquilas no Algarve, com espaço para estender a toalha sem que tenha de percorrer quilómetros em busca de sossego. A Praia da Boca do Rio é disso exemplo. O nome surge da convergência de três ribeiras (Vale Barão, Vale de Boi e Budens). O mar é tranquilo e de uma transparência notável. Há vestígios romanos na zona, o que dá uma graça extra à praia. Mas atenção porque a praia a não é vigiada – talvez por isso seja muito procurada por nudistas.

COMO CHEGAR: Seguindo em direcção à Praia da Salema, mas não virando para a Praia da Salema, acaba por se ir dar a um caminho sem saída que acaba, precisamente, na Praia da Boca do Rio.

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As arribas alaranjadas e as rochas que se erguem das águas azuis e verde esmeralda puseram-na em todos os tops das praias mais bonitas de Portugal e até a Condé Nast Traveler a distinguiu como uma das dez melhores da Europa. O acesso faz-se por 115 degraus, que descem a falésia entre vegetação. Mas prometemos que cada degrau valerá a pena assim que vislumbrar a beleza selvagem. Desde os arcos rochosos às grutas e aos leixões esculpidos pela natureza, até ao habitat marinho que faz as delícias dos fãs de snorkeling.

COMO CHEGAR: A partir de Lagoa, seguir pela EN 125 em direcção a Faro. Antes de chegar a Porches, virar à direita e seguir as placas indicativas.

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A praia do Zavial, muito procurada pelos adeptos do surf, é provavelmente o areal mais conhecido da zona, mas “a pequena praia” que conquistou a poeta Sophia de Mello Breyner Andresen também merece o desvio. Escreveu Sophia em “Ingrina”, incluído no livro Geografia (1967): “O grito da cigarra ergue a tarde a seu cimo e o perfume do orégão invade a felicidade. Perdi a minha memória da morte da lacuna da perca do desastre. A omnipotência do sol rege a minha vida enquanto me recomeço em cada coisa. Por isso trouxe comigo o lírio da pequena praia. Ali se erguia intacta a coluna do primeiro dia – e vi o mar reflectido no seu primeiro espelho”. Rodeada por algumas rochas, a praia tem a forma de uma pequena baía, protegida de quaisquer agitações marítimas. A cor da água é daquelas que permite usar uma hashtag como: #ÉPORTUGALNÃOÉMALDIVAS. O Sebastião é o café de apoio, onde também é possível picar. 

COMO CHEGAR: Na EN 125, siga as indicações para a povoação da Raposeira.

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Para esta ilha-barreira na Ria Formosa, com Qualidade de Ouro e Bandeira Azul, só se vai de barco. Uma vez lá, junto à pequena aldeia piscatória, vai encontrar pescadores atarefados a desembaraçar redes e a esvaziar os covos que usaram para apanhar polvos. No coração da ilha, há bons restaurantes com peixe fresco e as casas caiadas dos cerca de 750 habitantes. Se continuar para a outra extremidade, vai descobrir uma praia, com um areal quase deserto e águas cálidas e tranquilas. Além de poder observar a rica flora das dunas e as espécies de aves que por ali convivem, ainda terá a oportunidade de usufruir de piscinas naturais arenosas e a paisagem sempre em mutação da Barra Grande, a duas horas de caminhada para leste. Mas, atenção, as correntes junto à barra são normalmente muito fortes.

COMO CHEGAR: A partir das carreiras fluviais em Olhão (durante todo o ano) e Faro (no Verão). No Cais de Olhão, há barcos de duas em duas horas, entre as 07.00 e as 19.30.

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Esta praia surge na desembocadura de um dos vales mais bonitos da região. Com encostas revestidas por um matagal alto de zimbro, é abrigada por afloramentos calcários e uma estreita várzea ocupada por árvores de fruto e vegetação ribeirinha. O areal é curto, mas desenvolve-se na direcção do interior do barranco e as águas acalmam numa pequena baía, com o mar a parecer uma piscina. É óptima para o paddle surf ou simplesmente para ficar a boiar, sem se apoquentar muito com o resto do mundo. É famosa entre os mergulhadores, dada a grande diversidade de espécies marinhas que se escondem entre as rochas no fundo do mar. Nos dias em que o mar está mais agitado, conte ainda com a companhia de surfistas e bodyboarders.

COMO CHEGAR: Entrar na freguesia da Raposeira, seguir em direcção ao Zavial e na última placa virar à direita. Oito minutos depois, num caminho de terra batida, chegou ao destino.

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É um postal e uma das jóias da coroa algarvia. Situada entre as praias da Alagoa e do Cabeço, está abrigada por um pinhal manso que confere à paisagem um tom esverdeado e por onde se passeiam, sem pressas, camaleões – daí o nome pela qual é mais conhecida. O areal é extenso, por isso vai poder esticar a toalha, abrir as cadeiras, enterrar o chapéu de sol e montar o pára-vento à vontade. A areia é branca, a água é cristalina e junto ao mar há um poço a que chamam romano. Mas não se deixe enganar pelo nome que lhe deram: a construção é de meados do século XX e faz parte das ruínas de uma povoação que ali existiu. Lendas à parte, esta praia é óptima para a prática de desportos náuticos, como surf, snorkeling ou ski aquático. Com Qualidade de Ouro e Bandeira Azul,  também é acessível.

COMO CHEGAR: No cruzamento da Estrada Nacional 125 entre Altura e Monte Gordo, basta seguir as indicações. Primeiro vai chegar a um largo com estacionamento gratuito. Mais à frente há outro, pago nos meses de Verão.

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Sabia que o ponto mais a sul de Portugal fica nesta ilha do Parque Natural da Ria Formosa? Se há praia capaz de representar todos os clichés é esta. O nome é sinónimo daquilo que é, uma praia onde a única construção que existe é a do restaurante de apoio, tudo o resto é um areal vasto de areia fina e branca. A água é límpida e há quem diga que nunca é fria, não podemos garantir esta última parte, mas o que é certo é que a praia é tão bonita, especialmente na maré baixa, que a temperatura do mar torna-se acessória.  

COMO CHEGAR: O ferry leva cerca de 45 minutos (10€/ida e volta), saindo de Faro. Para um pouco de mais aventura, pode apanhar o barco rápido e em 15 minutos a viagem está feita (15€/ida e volta).

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É difícil não nos sentirmos esmagados pela imponência das altas e escuras arribas de xisto que delimitam a praia. O extenso areal branco, de areia fina, e a pedra da Lage, mais a norte, que parece um castelo emergido do mar, intensificam a sensação de pequenez. É também a norte que os animais marinhos se abrigam, constituindo uma zona rica em peixe e marisco. Quando está maré baixa, é possível vê-los e às algas que habitam as rochas. Com mar de ondulação forte, esta praia, integrada no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, oferece ainda excelentes condições para a prática de desportos náuticos, como o surf.

COMO CHEGAR: A partir de Vila do Bispo, seguir em direcção à Praia do Castelejo.

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Foi assim baptizada por causa de um leixão de cor rubra que existe na extremidade sul da praia e que não só se torna no filtro natural perfeito para fotografias ao fim do dia, a contrastar com o negro das escarpas de xisto, como cria uma onda muito desejada pelos surfistas. São eles os seus grandes frequentadores e não vai ser difícil encontrá-los, de prancha debaixo do braço, a descer a pé pelo penhasco. A inclinação é suave, mas o acesso pedonal é difícil, o que ajuda a que esta praia permaneça um paraíso. Já para não falar do aroma a esteva, dos matos endémicos de zimbro e da presença de cartaxos, pousados nos raminhos altos dos arbustos, bem como aves-de-rapina, como os falcões.

COMO CHEGAR: Na estrada de Sagres para o Cabo de São Vicente virar à direita na última saída antes do Cabo. Nos armazéns virar à esquerda e depois logo à direita pela estrada de terra batida.

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Praia da Barriga
Praia da Barriga

Não é fácil lá chegar, mas vai agradecer que assim seja. A calma que encontra nesta praia “de beleza feroz”, disse o Financial Times, compensa os quilómetros em terra batida e a falta de sinalização. Surge depois de uma curva apertada na estrada, no troço final de um vale largo e muito verde, e até alcançar o areal, terá de atravessar relvados naturais, que se estendem pela foz de uma pequena ribeira e pelas dunas baixas que a envolvem. Cheia de recantos criados pelo recorte das arribas, tem paredes rochosas laminadas, deformadas pelo impacto das ondas. Não estranhe os banhistas de volta das formações de xisto – há percebes e mexilhões.

COMO CHEGAR: A partir de Vila do Bispo, seguir em direcção à Praia do Castelejo. Depois do desvio para a Cordoama, o caminho de terra batida não está sinalizado. Siga na direcção do Barranco Garcia e depois sempre para norte.

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Praia do Telheiro
Praia do Telheiro

Para quem vem de norte, não tem nada que enganar: é a última praia antes do Cabo de São Vicente. E é um geossítio. O que é isso?, pergunta e muito bem. Nós explicamos. A Praia do Telheiro está para os geólogos como uma mina de ouro está para um garimpeiro. O seu elevado interesse deve-se ao facto de existirem formações rochosas de idades muito afastadas, sendo aliás o ponto de encontro entre o maciço escuro de xisto que aflora na costa ocidental (antiga cadeia de montanhas, muito enrugada e deformada) e a orla sedimentar meridional, composta por arenitos alaranjados, pelo grés de Silves de cor rubra, e por calcários claros, caprichosamente esculpidos. E, agora que já está mais culto, só precisa de convencer o resto da malta com este postal que lhe deixamos.

COMO CHEGAR: É a última praia antes do Cabo de São Vicente. Siga o sinal, estacione no fim da estrada e siga a pé.

Para mais uns mergulhos

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Poucos areais ao longo da costa portuguesa oferecem imagens tão dignas de postal quanto as praias da Arrábida. As águas cristalinas rodeadas de vegetação e areia branca fazem roer de inveja qualquer um. Este paraíso, a menos de uma hora de Lisboa, mudou recentemente o jogo das acessibilidades durante a época balnear. Isto para evitar grandes congestionamentos de trânsito e condutores preguiçosos e pouco habilidosos que teimavam em bloquear a estrada de acesso às praias com estacionamentos em ambas as bermas.

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Dos destinos clássicos às paragens menos óbvias, há areais e marés para todos os gostos na Costa da Caparica. São 15 quilómetros de extensão, com muitas praias por onde escolher. A partir do momento em que o calor se começa a sentir, começam também os lisboetas a atravessar a ponte e os sítios onde estender a toalha a escassear. Ainda assim, não desista de partir à descoberta da outra margem – até porque além de praias, há óptimos restaurantes e esplanadas para se sentar. Faça-se ao caminho e abanque no areal certo para si. Estas são as melhores praias na Costa da Caparica. Mas, atenção, não se esqueça do protector solar.

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