As tendências que vão tomar conta das nossas cidades em 2024

Os restaurantes estão a juntar algum deslumbramento aos pratos. "Poder-se-ia dizer que os pequenos flashes de glamour são a maior tendência de 2024", diz Amber Sutherland-Namako, editora de Comer & Beber da Time Out New York. "Desde a pequena dose de espumante que oferecem em copos especiais no Cafe Mars a tudo o que é oferecido no exagerado The Bazaar." A editora da Time Out Canadá, Laura Osborne, concorda: "Alguns chamam-lhe jantar e espetáculo, mas estamos a falar de mais restaurantes com cozinhas de conceito aberto". Já a editora da Time Out Singapura, Rachel Yohannan, aponta para um aumento do teatro com jantar na cidade.

Tendo em vista a sustentabilidade, muitas cidades estão a fazer investimentos notáveis nas suas redes de transportes públicos. "Uma das maiores tendências de 2024 será uma melhor aceitação do sistema de Metro de Los Angeles, graças ao trabalho efectuado para melhorar a segurança e à (esperada) abertura do LAX people mover", afirma Michael Juliano, editor da Time Out Los Angeles. Uma tendência semelhante pode ser observada na Europa e na Austrália. "Prevê-se a entrada em funcionamento da Linha Amarela do Metro no Porto, que transportará, em média, 33 mil pessoas por dia", refere Mauro Gonçalves, editor executivo da Time Out Portugal. A editora da Time Out Sydney, Alice Ellis, acrescenta: "Uma nova rede de metro, rápida e frequente, está quase concluída para complementar a rede de comboios existente em Sydney – o seu lançamento em algumas áreas está previsto para 2024".

Pensa que tem de pagar um bilhete caríssimo para entrar num museu e ver algumas das obras de arte mais interessantes do mundo em 2024? Pense de novo. Há cada vez mais arte inovadora e envolvente para descobrir em espaços urbanos públicos. "Este ano, registou-se um aumento das instalações artísticas em espaços públicos, estendendo-se mesmo às ilhas periféricas", afirma Tatum Ancheta, editora-chefe da Time Out Hong Kong. O Festival de Artes Sai Kung Hoi, por exemplo, expandiu-se, apresentando 18 obras de arte de grande escala em quatro ilhas, revelando as narrativas escondidas dentro da comunidade." JQ Louise, da Time Out Boston, vê algo semelhante a acontecer em Nova Inglaterra: "Há muito mais investimento nos artistas locais. Muitos edifícios [novos] e outros espaços estão a contratar artistas locais fantásticos e a apoiar a comunidade com um verdadeiro investimento."

A noite está a mudar e a envolver mais do que bebidas. "Sair à noite já não é apenas sobre beber – tem havido um aumento nas ofertas multidimensionais", diz Leah Glynn, editora da Time Out Melbourne. "Um exemplo são os bares de vinho que também funcionam como listening bars [bares com curadoria artística avançada e sound systems de primeira], com gira-discos." Ashley Brozic, da Time Out Miami, também aponta para um aumento nos bares de audição ao estilo japonês na cidade da Flórida: "Enquanto cidade, nunca vamos superar a #clublife, mas os nossos gostos estão a refinar-se. Os listening bars trazem aquela sensação de intimidade que sempre faltou aos bares e discotecas de Miami e ajudam-nos a experimentar novos géneros. O Dante’s foi o primeiro. O Miami Music Room seguiu-lhe os passos." Rossilynne Culgan, editora da secção Coisas para Fazer da Time Out New York, refere o bar de audição inspirado em Dolly Parton, Jolene, e o Tokyo Record Bar, como novos exemplos na Grande Maçã.

Podia parecer uma moda passageira, mas está a mostrar um enorme poder de permanência, de acordo com os editores da Time Out. "As exposições imersivas vieram para ficar", afirma a directora editorial da Time Out Madrid, Marta Bac. "O mais interessante é que agora são os principais museus da cidade que estão a tirar partido desta nova tecnologia nas suas exposições para mostrar as grandes obras de arte da cidade." O editor da Time Out Chicago, Jeffy Mai, concorda: "As experiências imersivas não estão a abrandar. Os museus [pop-up] que pareciam ser únicos, prepararam-se para o longo prazo e há muitos mais na calha". O editor executivo da Time Out Tokyo, Lim Chee Wah, garante que a abertura em 2024 do museu de arte digital teamLab Borderless vai dar que falar na cidade.

Em todo o mundo, áreas negligenciadas estão a ser alvo de revitalização. "Antigos armazéns e outros edifícios não utilizados estão a ser reaproveitados para as artes e a cultura", descreve Alice Ellis, editora da Time Out Sydney. "Por exemplo, a desativada Estação de Energia de White Bay será aberta ao público pela primeira vez em 100 anos para a Bienal de 2024; enquanto os cais em Walsh Bay vão tornar-se um ponto central do Sydney Festival durante o mês de Janeiro." Seda Pekçelen, da Time Out Istambul, observa uma tendência semelhante na capital turca: "A cidade tem transformado áreas não utilizadas com um histórico cultural riquíssimo, trazendo-as de volta à vida como novos e vibrantes pólos culturais. Esperamos que este trabalho empolgante continue."

Os restaurantes estão a apresentar abordagens frescas a tradições culinárias clássicas. Com os olhos postos no conforto e na continuidade, muitos destinos gastronómicos estão a voltar às receitas locais e a interpretá-las de uma nova forma. "O regresso do gastropub, pessoal!" exclama Joe Mackertich, da Time Out London, como uma das maiores tendências gastronómicas de 2024. "Vejam o The Parakeet, o The Prince Arthur, o The Waterman's Arms. É como nos finais dos anos 90. Só que sem o Tony Blair." Em Barcelona, isto reflecte-se num regresso à cozinha tradicional catalã, explica Ricard Martín, editor de Comer & Beber da Time Out Barcelona: "A maior tendência de 2024 é a forma como os chefs estão a voltar à cozinha tradicional catalã e espanhola, renovando e aligeirando alguns pratos pesados que fazem parte da nossa identidade, como a escudella i carn d'olla ou capipota." Patricia Kelly Yeo, editora de Comer & Beber da Time Out Los Angeles, vê um fenómeno cultural mais amplo: "Os habitantes de Los Angeles estão a recorrer a pratos clássicos e géneros de restaurantes clássicos como as trattorias italo-americanas na tentativa de encontrar conforto num mundo incerto."

De mercados de alimentos a festivais ao ar livre e projecções de filmes, cada vez mais eventos e actividades urbanas estão a ocorrer durante a noite. Ao mesmo tempo, muitos governos locais estão a fazer mais para apoiar as indústrias nocturnas. "O governo e os organismos da indústria nocturna estão a trabalhar juntos para estimular a economia da noite de Nova Gales do Sul," diz Alice Ellis, da Time Out Sydney. Em Hong Kong assiste-se ao regresso dos mercados noturnos. "Reconhecendo a importância de revitalizar a cena nocturna da cidade na sequência da pandemia, o governo de Hong Kong está a trabalhar activamente em iniciativas para impulsionar a cultura à noite. Isso inclui o regresso dos mercados nocturnos", conta Tatum Ancheta, da Time Out Hong Kong.

Já diz o velho ditado: o lixo de uns é o tesouro de outros. Isto parece ser ainda mais verdadeiro em 2024, com o thrifting a ganhar popularidade nas cidades em todo o mundo. "É cada vez mais popular em Singapura, especialmente entre os jovens", diz Rachel Yohannan, editora da Time Out Singapore. "E não são apenas roupas que os adeptos do thrifting estão a procurar — os millennials parecem estar mais abertos a comprar mobiliário em segunda mão para as suas novas casas." Shaye Weaver, da Time Out New York, assiste a um fenómeno semelhante: "[Os Nova-Iorquinos] adoram um bom negócio, e melhor ainda, algo gratuito, tanto que temos contas inteiras no Instagram dedicadas à arte do 'stooping' — recolher uma boa pechincha, como o espelho com orelhas cor-de-rosa vintage que se tornou viral recentemente — e fazer thrifting das peças mais fixes. Parece que continuará a ser uma grande tendência este ano."

Depois de anos de microclubes e discotecas virtuais, as noites fora estão prontas para crescer em 2024, com a abertura de novos espaços em cidades de vários continentes. Marta Bac, da Time Out Madrid, refere muitos clubes que estão a expandir-se do centro da cidade para os subúrbios. Vera Moura, diretora editorial da Time Out Portugal, vê o mesmo a acontecer em Lisboa (o Prior Velho é o melhor exemplo), e acrescenta que há novos espaços nocturnos que são muito mais do que discotecas: vão de centros culturais a estúdios de tatuagem. Tatum Ancheta, da Time Out Hong Kong, por sua vez, aponta para os excitantes novos clubes imersivos da cidade: "Várias novas discotecas abriram em 2023, algumas com elementos temáticos adicionais para uma experiência mais imersiva — por exemplo, o Ark11, que tem um design futurista semelhante a uma nave espacial."