Em Belém, foi erguido no início de 2020 um memorial em azulejo projectado pela Galeria Ratton a partir de um projecto da artista plástica Menez (nome artístico de Maria Inês da Silva Carmona, 1926-1995) com poemas de Sophia de Mello Breyner no exterior. Um casamento artístico que ao mesmo tempo recorda a amizade entre a poeta (Sophia não gostava da palavra poetisa) e a pintora e um encontro entre a imagem e a poesia que não é coisa inédita no passado da galeria. O memorial chama-se Espaço Entre a Palavra e a Cor e, mais do que uma homenagem, pretende-se que a obra em azulejo com poemas de Sophia (seleccionados pela filha Maria Andresen de Sousa Tavares), e imagens de Menez seja igualmente um espaço de cultura, no centro de duas meias luas separadas por 16 metros.
Os azulejos fazem parte da identidade gráfica da cidade e lá vão contando histórias do passado de Lisboa. Os primeiros azulejos hispano-mouriscos foram importados de Sevilha por volta de 1503, mas o seu uso foi democratizado após o grande terramoto de 1755, quando muitos aproveitaram azulejos dos escombros para decorarem as suas casas, longe de serem palácios. Não demoraram muito tempo a ser produzidos em Lisboa e são hoje (e desde há muito tempo, na verdade) um dos cartões de apresentação da cidade. Os criativos e artesãos da cidade vão trazendo esta arte para o século XXI, e assim, em Lisboa, podemos saltitar entre quadradinhos de outros tempos e contemporâneos.
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