Anne Laure é doutorada em Farmácia e directora-geral da KLORANE, onde trabalha há quatro anos. Tem formação em Marketing Intelligence, um amor militante pelo planeta e acredita que a marca tem plantado sementes para preservar a biodiversidade à escala global.
Muitos não sabem que a dermocosmética nasceu com a Klorane nos anos 60. E desde então percorreram um longo caminho que inclui a Fundação Klorane. Qual foi o gatilho para a sua criação?
Tudo começou há 50 anos num pequeno laboratório que produzia sabonetes a partir de plantas, no Leste de França. E que depois decidiu fazer também champôs. Foi de facto o início da dermocosmética.
Os champôs eram os de camomila...
Sim, exactamente.
Um produto ainda hoje vendido pela KLORANE.
Sim, 50 anos depois. E funciona muito bem, principalmente em cabelos loiros. A fragrância é muito agradável. Bom para as crianças e para toda a família e tem um ligeiro aroma a mel.
A Anne é farmacêutica e também marketeer. Como se enraizou neste mundo das plantas?
No início não tinha um plano. Comecei os meus estudos em Farmácia e não me estava a imaginar a trabalhar numa farmácia de rua. E pensei que o mercado da comunicação seria perfeito. Soube que tinha sido uma boa escolha quando comecei a trabalhar na KLORANE, porque é uma marca baseada na dermocosmética, algo seguro, feito em farmácia e dedicado ao ambiente.
É um tema fundamental para si?
Sim. Quando estou com os meus filhos ensino-lhes como proteger o planeta. E graças à Fundação KLORANE tenho muitos livros sobre plantas. Lemos os livros no meio da natureza, a tentar identificar as plantas, percebendo qual é qual. É muito interessante.
A Fundação KLORANE tem precisamente por missão não só plantar sementes na terra como plantar sementes na educação dos mais novos. É assim que se salva o mundo?
Na minha equipa de marketing costumamos dizer que esta geração é amante da Natureza. Temos de salvar o planeta e a minha geração não fez nada, mas esta vai fazer. Sinto algo diferente. Eles sentem-se envolvidos. Esse é o trabalho da Fundação KLORANE desde há 25 anos e já chegou a 600 mil crianças. E esse é apenas um dos programas, o Graine de Botaniste. Estamos também a disponibilizar recursos educativos ligados ao ambiente a professores do ensino básico em países como os EUA, Canadá, Singapura, China, em França claro, uma vez em Portugal e começámos agora em Espanha.
A última gama de produtos é à base da planta Menta aquática. Uma planta que depois de muito investigar encontrámos em Lisboa, num cantinho do Jardim Botânico da Ajuda. De onde vem afinal essa planta?
A Menta aquática cresce geralmente à volta dos rios. Quando os investigadores olharam para as raízes viram que tinham chumbo. E pensaram que, provavelmente, isso acontecia porque a planta estava a despoluir a água. Percebeu-se que é essa a realidade. Pensámos então em tentar usar a folha nos nossos produtos, porque poderia agir da mesma forma na pele e no couro cabeludo. E percebemos que era também o caso. Estudos individuais que fizemos provaram que dentro da fibra capilar foram extraídas partículas finas de poluição usando regularmente a planta. E assim despoluímos o cabelo e despoluímos a Natureza através do trabalho da Fundação KLORANE. Fico orgulhosa quando falo nisto, porque em paralelo a Fundação KLORANE decidiu despoluir um rio na região de Cévennes, em França, aplicando precisamente as raízes de Menta aquática. Estamos a despoluir cabelos e rios com a mesma planta.
E estão a construir uma Grande Muralha Verde no Senegal, com a plantação de 10 mil tamareiras por ano no Sahel. É o exemplo de um muro que tem de ser erguido?
Sim e trabalhamos muito com o CNRS (Centro Nacional da Investigação Científica) em França e temos parceiros na Alemanha e noutros países que estão envolvidos neste projecto, é muito interessante. E foi galardoado pela UNESCO.
Este é o projecto que promove o cultivo do cupuaçu na Amazónia, também usado em produtos KLORANE.
É um projecto interessante, porque a vocação da Fundação KLORANE é partilhar conhecimento. Neste caso, tentámos perceber como poderíamos ajudar a população local a preservar a biodiversidade e mantê-la na Amazónia. Encontrámos habitantes que colhiam cupuaçu e explicámos que também tinham de plantar açaí e outras plantas para manter essa diversidade, não podem ter só uma grande colheita de cupuaçu e mais nada à volta. É uma lição sobre a importância da diversidade.