“Dizem que ali, onde há uma nascente, apareceu um dia a Nossa Senhora. A verdade é que o mato não cresce ali”, diz Emília a rir. A dona da Quinta do Cruzeiro, perto de Vale, dedica-se a fazer compotas e enchidos na antiga casa de família. Também faz algum vinho verde branco, com auxílio de amigos e familiares que a ajudam a apanhar as uvas da casta Arinto em Setembro. As compotas usam fruta criada na quinta, como laranjas, limões, framboesas, marmelos, tomate ou bananas – já as outras vêm de quintas de amigos, como os mirtilos ou o ananás. A Quinta do Cruzeiro é visitável e são organizadas tours para conhecer o lagar e o fumeiro (onde se faz alheira, presunto, chouriço, lombo fumado, paio, barriga de porco fumada, chouriço de sangue e presunto de peru), sempre com uma prova final de tudo aquilo que se produz. A propriedade tem vários pontos de água e um riacho que, no Inverno, cria uma queda de água. Quem a ajuda a dar conta do recado – limpar o mato e fazer a apanha da fruta – são voluntários, sobretudo estrangeiros que querem aprender sobre agricultura e que ficam, geralmente, entre 15 dias e dois meses. “Este ano já cá tive uma italiana e uma miúda polaca, e há-de chegar um rapaz da Índia”, conta. “Há alguns que tentam voltar uma vez por ano, mas já são mais amizade que outra coisa. Ainda no outro dia me ligaram a dizer que tinha de ir à Roménia para ser madrinha de um bebé”, sorri. “Por causa destes contactos já estive na Escócia, França e Inglaterra, em casa de voluntários, e tenho convites para ir à Austrália e os Estados Unidos, mas são muito longe.” Emília trabalhou muitos anos no Hospital infantil Maria Pia, no Porto, e passou por uma empresa de desporto especializada em dardos e setas, até se reformar e regressar ao Vale. A anfitriã diz que está de férias de animais, mas geralmente tem porcos arraçados de bísaro com porco preto e ovelhas. Por agora conta com a companhia de dois cães e uma galinha.
A Time Out diz
Detalhes
Discover Time Out original video