Évora

A cidade que gira à volta do Templo de Diana tem, entre muralhas, cada vez mais oferta e ruas e ruelas que vale a pena visitar.

Turismo do Alentejo - Évora CP
D.R.
Time Out em Associação com Entidade Regional de Turismo do Alentejo
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A magia está na absorção do moderno, sem nunca prejudicar a arquitectura e o comércio tradicional. Na visita a Évora, aquilo que mais se ouviu foi “olhem bem para cima”. E não era do céu que estavam a falar. Em cada telhado há um pormenor que perdura no tempo: azulejos, esculturas, altares… Seja nas casas particulares ou nos seus muitos monumentos. Tudo tem detalhes e nos leva a descobrir o mesmo sítio, vezes e vezes sem conta. Bem comer e bem beber são uma constante, e em todos os sítios se defende o local, tradicional ou não, do início ao fim da refeição.

Para comer

Foi uma das primeiras coisas que nos avisaram quando anunciamos a visita por terras alentejanas: preparem-se para comer muito e bem! Numa mistura entre o tradicional e o moderno, fomos da entrada à sobremesa, sempre à confiança.

¼ P’ras 9 

Foi porta de entrada no mundo da gastronomia alentejana e deixou logo uma boa impressão. O restaurante típico ¼ P’ras 9 mantém a tradição como bandeira e, de geração em geração, perpetua o sabor da comida tradicional. 

As nossas sugestões? Começar com o presunto bem curado (11€) - e bem servido. Depois, a recomendação vai para a carne de porco com amêijoas (19€), num dose bem servida que incita à partilha. Acabamos num toque bem doce, e provamos o Fidalgo (5,50€), com ovos e amêndoa, e o Morgado Velho (5,50€), com ovos, amêndoa, e abóbora. 

Rua de Pedro Simões, 9

Enoteca Cartuxa

A meia dúzia de passos do Templo de Diana, a Enoteca recebe-nos para um jantar que prova que a gastronomia moderna também pula e avança em Évora. Bruno Berenguer, chefe de sala do espaço, sabe receber – é, aliás, um dos lemas da casa – e acredita que todo o menu é representativo do espaço. Para ele, a Enoteca é “uma casa de vinhos, que serve comida, e não uma casa de comida que serve vinhos”. 

A carta não desilude e puxa aos pedidos: começamos com o lema “quem não arrisca, petisca” e optamos pelos ovos rotos, espargos e presunto (12,90€) e pelo atum braseado com azeite e pimenta (14,50€). 

Seguimos viagem “entretanto”, com lombo de bacalhau, purá de grão, cebola roxa avinagrada e azeite de salsa (23,50€). A bebida dividiu-se entre um copo de vinho branco (desde 2,40€) e espumante (6,70€). Acabamos com “final feliz”, entre a mousse de chocolate com crumble de amendoim (5€) e o creme queimado de Espumante Cartuxa Rose (5€). Saímos de sorriso no rosto, gratos pela comida e pela conversa.

Rua Vasco da Gama, 15

Café Alentejo

Já bem dormidos e com a cidade palmilhada, o segundo almoço levou-nos de volta às raízes alentejanas. E se é de tradição que falamos, é no Café Alentejo que nos sentamos, confortavelmente. Rita Simão, a proprietária, fala-nos da paixão pela cidade e pela gastronomia, no orgulho no espaço e na forma como pretende mostrar o melhor que se faz em Évora. 

A mesa esteve sempre cheia e trouxe-nos, logo nas entradas, boas surpresas: coelho com molho villão (8€), tábua de queijos variados da região (11,80€), paio (9,50€) e presunto (14,50€). Para partilhar, vieram ainda espargos verdes salteados em azeite (10€), cogumelos selvagens salteados em azeite (10€), rissóis de caça (7€) e croquetes de rabo de boi (7€). 

Já de estômago bem forrado, chegou a sopa de cação (13,50€), a que se seguiu um clássico: migas alentejanas com carne do alguidar (14,50€). A refeição ia já longa, mas houve espaço para dois imperdíveis na sobremesa: Torrão Real de Évora  e pudim de queijo de Serpa com molho de laranja, este último, inclusive, premiado. Saímos aconchegados e com vontade de voltar para provar todas as iguarias do menu. 

Rua do Raimundo, 5

Para dormir

É um dos pontos altos de Évora: dormir mesmo no centro da cidade é possível, sem que a azáfama da cidade prejudique o merecido descanso. No Moura Suites Hotel o ambiente é sempre calmo, a simpatia está a cada esquina e pernoitamos com a sensação de estar num edifício que se orgulha da sua história. 

A casa onde agora encontramos um hotel de luxo sobreviveu a séculos de invasões, terramotos e passagens de testemunho. A noite foi passada numa suite com cama king size, mini-frigorífico e café. O pequeno-almoço, em modo buffett, inclui padaria, pastelaria, cafés, chás, cereais, e ainda alguns elementos a pedido - ovos, torradas, panquecas… Nada falta para que o dia comece da melhor forma. O hotel tem ainda restaurante, piscina, ginásio e zonas de convívio. 

Para visitar

As ruas estão cheias de comércio tradicional, as várias zonas da cidade têm sempre um apontamento histórico, as pessoas têm sempre mais um conselho, uma dica, um imperdível. O objectivo era fazer uma visita que fugisse aos óbvios, mas não resistimos a uma visita à icónica Capela dos Ossos que, a seguir ao Templo, é um dos maiores atractivos de Évora. A surpresa veio nos andares superiores, com um museu e ainda uma colecção com mais de 200 presépios. Depois disso, seguimos viagem.

Enoturismo Fita Preta

O Enoturismo Fita Preta traz um legado de história e um caminho que se faz todos os dias. Quando começamos a visita, percebemos imediatamente que ali se vive o verdadeiro espírito de família: António e David deram os primeiros passos na arte do vinho há 20 anos, e desde aí que construiram um legado em permanente crescimento. 

O Enoturismo Fita Preta está em constante expansão e inovação. Não são raras as experiências para novos vinhos, ainda que a marca esteja já bem cimentada no mercado. Foi em 2017 que se mudaram para a actual localização, onde, passo a passo, criaram uma marca com muito mais do que vinhos. Com 126 hectares, dos quais 30 plantados, há espaço para a criação e produção, bem como zona de provas e várias para eventos. As provas de vinhos, sob marcação, custam entre os 30€ e os 60€ por pessoa. 

Dentro e fora de portas, a harmonização entre o passado e o presente faz-se de forma orgulhosa, com as fachadas e os interiores onde, em cada canto, há um novo pormenor para redescobrir –sem spoilers, mas vale a pena a visita prolongada. 

Há vários eventos, adaptáveis ao grupo e às ocasiões: provas de vinhos, jantares de empresa, casamentos e até workshops onde os participantes colhem a comida que depois cozinham. Há várias formas de aproveitar o Enoturismo Fita Preta. Basta descobrir qual – ou quais – a sua. De passagem ou com mais tempo, vale a pena apostar numa das provas de vinhos, e aproveitar a viagem para comprar uns outros tantos para prolongar o prazer de um bom vinho alentejano. 

Paço do Morgado de Oliveira, Nossa Senhora da Graça do Divor

Centro Interpretativo dos Almendres

No meio da natureza e a poucos quilómetros do Cromeleque do Almendre, nasce o Centro Interpretativo dos Almendres, que dá o contexto para o pedaço de história que ali se pode observar. 

Os conteúdos interpretativos dão uma visão geral sobre a arqueologia e natureza da região, aos quais se junta o parque pedagógico – para nós, a principal atracção. É ali que se vive da mesma forma que nos períodos Paleolítico e Neolítico, com cabanas em escala real, feitas exactamente da mesma forma que os habitantes da época. 

A forma como os arqueólogos constroem os abrigos é, também ela, tendo em conta os materiais e as técnicas originais. Sira, a arqueóloga que nos recebeu, explicou-nos a importância de se manterem fidedignas as técnicas, como forma de investigação. 

O Centro Interpretativo dos Almendres é um paraíso para miúdos e graúdos que gostam de saber mais sobre os nossos antepassados, com workshops de arqueologia para adultos e crianças. São, também, os únicos a proporcionar visitas guiadas ao Cromeleque e Menir do Almendre, bem como à Anta Grande do Zambujeiro. 

Depois da teoria, passamos à prática: seguimos caminho até ao Cromeleque, onde além da imponência e da organização, se destaca a vista deslumbrante no horizonte. Uma despedida entre o passado e o presente para os primeiros dias no Alentejo. 

Rua do Cromeleque, Guadalupe

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