Além da partilha de ideias, o grupo está unido por uma mesma camisola – um modelo cropped, com pequenos torcidos, que cada uma fez numa cor diferente. Sem cursos, apenas com a internet e com a ajuda umas das outras, o tricot continua a fazer parte do quotidiano de todas. “Levo o tricot para a faculdade, onde até já tive professores que ficaram a olhar. Aqui no grupo, gozam comigo porque ando sempre a fazer 500 camisolas ao mesmo tempo. No Instagram, vou vendo o que os outros estão a fazer, vou tendo umas ideias novas”, partilha Sofia, que já concluiu a licenciatura em Química.
Rita Cunha, de 23 anos, é o quarto elemento. Hoje, trabalha como produtora de conteúdos numa cidade do Nebraska, Estados Unidos, mas no início de 2021, em Lisboa, descobriu o tricot como forma de colmatar o isolamento provocado pela pandemia – isso e um grupo de Instagram pensado para a troca de experiências. “Não tinha uma turma fixa na faculdade, por isso acabei por não conhecer muitas pessoas novas. Era um bocado solitária”, recorda. Online, aprendeu a tricotar à inglesa. Com as novas amigas, começou a fazer malha em português.
“Actualmente, o crochet é muito mais popular no TikTok, talvez porque se faz mais depressa”, resume ainda. Falam num hobby que a pandemia ajudou a normalizar, embora a incompreensão ainda venha, muitas vezes, das gerações mais velhas. “Conseguimos ir à Zara comprar uma camisola por 30€ e esta, por exemplo, ficou por uns 100€. As pessoas não percebem, mas há questões de sustentabilidade envolvidas. A lã tem bastante qualidade e enquanto faço estou entretida. É uma escolha que fazemos”, remata Helena.