Há uma nova exposição no Museu do Dinheiro que não vai querer perder

Chama-se “Nome de código: Bruxelas. O Banco de Portugal e o 25 de Abril". Está disponível a partir de 27 de Novembro e a entrada é gratuita.
Museu do Dinheiro
D.R.
Time Out em associação com Museu do Dinheiro
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Em Lisboa não faltam planos e, nestes meses frios, não há nada como entrar num museu para explorar uma exposição nova. O destino que lhe propomos fica mesmo no centro da cidade, na antiga igreja de São Julião, restaurada por completo no âmbito do projecto de reabilitação da sede do Banco de Portugal. Já se sabe tudo e mais alguma coisa sobre a Revolução de Abril mas raramente (ou nunca) se pensa no importante papel que o Banco de Portugal desempenhou no dia que mudou para sempre a História do país e no seu contributo para a implementação do regime democrático.

Sabia que o edifício do Banco de Portugal, na Rua do Comércio, também fazia parte dos alvos estratégicos da Escola Prática de Cavalaria no golpe militar de 25 de Abril de 1974, e que o seu nome de código para que não fossem descobertos era “Bruxelas”? Ora, aqui tem um facto histórico amplamente desconhecido, como outros tantos expostos nesta nova exposição.

Uma aula sem ir à escola

A mostra “Nome de código: Bruxelas. O Banco de Portugal e o 25 de Abril" começa com um carro antigo da administração, que se diz ter sido utilizado por Otelo Saraiva de Carvalho – um dos principais comandantes operacionais da Revolução. Uns passos mais à frente, surge o primeiro núcleo expositivo onde se vê em números como era Portugal à época do golpe militar. Para que não haja dúvidas quanto ao progresso, aqui comparam-se até à actualidade indicadores estatísticos como população, custo de vida, protecção social, educação e condições de habitação. 

Após este retrato do país, entramos nos anos de 1974-1975, onde nos deparamos com fotografias para dar a conhecer o cenário das primeiras semanas após a queda do regime de Salazar no quarteirão à volta do Banco de Portugal. Aqui podemos também consultar a lista original redigida pelo MFA dos locais que pretendia controlar na capital, onde consta o Banco de Portugal sob o nome de código “Bruxelas”, e lemos a carta dirigida ao vice-governador Manuel Jacinto Nunes, escrita por Galvão de Melo, membro da Junta de Salvação Nacional, em resposta a uma outra elaborada pelos trabalhadores do Banco de Portugal, na qual manifestavam a completa adesão ao programa dos militares e exigiam o saneamento da instituição.

No núcleo seguinte explora-se o impacto da nacionalização do Banco de Portugal e da banca em geral, os recursos humanos da instituição e as condições de trabalho da altura, através de testemunhos em vídeo de empregados à época. Estas histórias de quem viveu o 25 de Abril como funcionário do Banco de Portugal, numa altura em que as trabalhadoras eram proibidas de usar calças, tornam ainda mais real toda esta transformação.

Na última sala faz-se um resumo dos últimos 50 anos após a Revolução, com especial destaque para o progresso económico do país, destacando-se factos e números que marcaram este período da história nacional, incluindo a evolução dos principais indicadores económicos, a integração europeia e o desenvolvimento do sistema financeiro. Nesta última sala, os visitantes podem ainda voltar atrás no tempo e experimentar como seria trabalhar nas instalações do Banco de Portugal dos anos 70.

Prepare a sua visita

Há umas quantas coisas a saber antes de começar a visita: é importante levar calçado confortável, quer seja para ver a nova exposição acabada de estrear ou algum dos outros espaços que guardam momentos que também valem a pena – desde o piso -1 ao piso 3. E se acha que dinheiro é só conversa de adultos, desengane-se, este é um programa para a família toda. O que não faltam no Museu do Dinheiro são programas culturais e educativos para todas as idades e todos os gostos - desde visitas acessíveis, teatro, podcasts, cinema, debates, concertos e oficinas. Antes de ir embora pode cunhar e imprimir moedas e notas virtuais com a sua cara e levar como uma recordação única desta visita.

Largo de São Julião, Lisboa. 213 213 240. 10.00-18.00. Entrada grátis.

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