Uma aula sem ir à escola
A mostra “Nome de código: Bruxelas. O Banco de Portugal e o 25 de Abril" começa com um carro antigo da administração, que se diz ter sido utilizado por Otelo Saraiva de Carvalho – um dos principais comandantes operacionais da Revolução. Uns passos mais à frente, surge o primeiro núcleo expositivo onde se vê em números como era Portugal à época do golpe militar. Para que não haja dúvidas quanto ao progresso, aqui comparam-se até à actualidade indicadores estatísticos como população, custo de vida, protecção social, educação e condições de habitação.
Após este retrato do país, entramos nos anos de 1974-1975, onde nos deparamos com fotografias para dar a conhecer o cenário das primeiras semanas após a queda do regime de Salazar no quarteirão à volta do Banco de Portugal. Aqui podemos também consultar a lista original redigida pelo MFA dos locais que pretendia controlar na capital, onde consta o Banco de Portugal sob o nome de código “Bruxelas”, e lemos a carta dirigida ao vice-governador Manuel Jacinto Nunes, escrita por Galvão de Melo, membro da Junta de Salvação Nacional, em resposta a uma outra elaborada pelos trabalhadores do Banco de Portugal, na qual manifestavam a completa adesão ao programa dos militares e exigiam o saneamento da instituição.
No núcleo seguinte explora-se o impacto da nacionalização do Banco de Portugal e da banca em geral, os recursos humanos da instituição e as condições de trabalho da altura, através de testemunhos em vídeo de empregados à época. Estas histórias de quem viveu o 25 de Abril como funcionário do Banco de Portugal, numa altura em que as trabalhadoras eram proibidas de usar calças, tornam ainda mais real toda esta transformação.
Na última sala faz-se um resumo dos últimos 50 anos após a Revolução, com especial destaque para o progresso económico do país, destacando-se factos e números que marcaram este período da história nacional, incluindo a evolução dos principais indicadores económicos, a integração europeia e o desenvolvimento do sistema financeiro. Nesta última sala, os visitantes podem ainda voltar atrás no tempo e experimentar como seria trabalhar nas instalações do Banco de Portugal dos anos 70.