Jornada Mundial da Juventude
DR
DR

Jornadas Mundiais da Juventude: guia para o milagre da multiplicação (de pessoas)

Conheça alguns dos meandros da Jornada Mundial da Juventude, que toma Lisboa de assalto nos primeiros dias de Agosto.

Renata Lima Lobo
Publicidade

Agosto arranca com muito calor… humano. Entre os dias 1 e 6, Lisboa será o palco principal da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e ficará virada do avesso. Além da quantidade de peregrinos e curiosos que ruma a Lisboa para participar ou cuscar as JMJ, há todo um programa que pode ser estranho aos lisboetas que planeiam ficar em clausura, no conforto do lar. Mas para os que ficam e para os que vão, damos algumas das coordenadas do grande evento que tem o Papa Francisco como cabeça de cartaz.

Recomendado: JMJ: Cascais também não foge às alterações de circulação

Papa móvel

Com 86 anos, o argentino Jorge Mario Bergoglio, mais conhecido como Papa Francisco, vai andar numa roda viva. Tiramos-lhe o chapéu (e esperamos que use um, porque vai estar quente) e dizemos por onde irá passar Sua Santidade nesta digressão de seis dias. O Programa Oficial da Visita do Papa é bastante extenso, mas deixamos os destaques no território alfacinha. A 2 de Agosto vai andar pela zona de Belém, primeiro no Palácio Nacional de Belém (às 10.45), onde irá conhecer o Presidente da República e depois, pelas 12.15, no Centro Cultural de Belém para um encontro com “as autoridades, a Sociedade civil e o corpo diplomático”, lê-se no programa. Mais ao final do dia (17.30), o Papa encontra-se com a hierarquia da Igreja Católica em Portugal no Mosteiro dos Jerónimos. No dia seguinte, terá lugar um dos grandes momentos das JMJ: às 17.45 acontece a Cerimónia de Acolhimento, no Parque Eduardo VII, e no mesmo local, a 4 de Agosto, o Papa fará a Via-Sacra com os jovens participantes, com partida às 18.00. O sábado, 5 de Agosto, será quase todo passado em Fátima, mas chegando a tempo para uma Vigília com os Jovens, às 20.45, no Parque Tejo. No último dia, o dia santo. Primeiro, porque é domingo, e depois, porque logo às 9.00 começa a Santa Missa para o Dia Mundial da Juventude, no Parque Tejo, talvez a cerimónia mais importante destas JMJ. Antes de rumar ao Vaticano, o Papa terá um encontro com os voluntários, às 16.30, no Passeio Marítimo de Algés.

Toponímia a prazo

Se durante estes dias ouvir coisas como “A Maria está na Colina do Encontro” ou o “Salvador foi ao Campo da Graça e já vem”, não pense que já não conhece os cantos à casa, ou melhor, à cidade. É que, durante os dias da JMJ, três espaços da cidade terão uma toponímia diferente e não oficial: o Parque Eduardo VII será temporariamente conhecido como a Colina do Encontro, o Jardim Vasco da Gama será a Cidade da Alegria e o novo Parque Tejo adopta o nome de Campo da Graça.

Publicidade

Peregrinação em massa

A organização espera cerca de um milhão de pessoas durante o evento, contas que também incluem ainda milhares de voluntários (na ordem dos 30 mil jovens), a grande maioria vinda de outros países. Só para fins comparativos, o concelho de Lisboa tem cerca de 545 mil habitantes. Vamos rezar para que não haja abatimentos de solo.

Sempre a andar

A vinda de tantas pessoas de todo o mundo vai alterar o normal funcionamento dos transportes públicos de Lisboa. Mas haverá um reforço em toda a linha. Por exemplo, a Carris reforça a oferta em 1250 circulações nos dias úteis e 4700 no fim-de-semana, enquanto que o Metropolitano de Lisboa aposta em mais 50 circulações nos dias úteis e 120 no fim-de-semana. O Metropolitano garante que durante este período irá adoptar outras medidas excepcionais, como a “criação de postos específicos de apoio ao peregrino e novas opções de bilhética, bem como a criação de plataformas de comunicação especificamente para esta operação especial”. Por outro lado, a Carris já prometeu aos motoristas e guarda-freios um bónus de 10€ por hora de trabalho, uma compensação pela "penosidade" do trabalho. As verbas resultarão das “receitas extraordinárias”.

Publicidade

Alto e pára o baile

Apesar de todos os reforços, o percurso de algumas linhas da Carris sofrerá alterações, por isso não saia de casa sem consultar o estado da sua carreira habitual. Se precisar mesmo de se deslocar de transportes públicos, saiba que nos dias 1, 3 e 4 de Agosto fecham as estações de metro da Avenida, do Marquês de Pombal, do Parque e dos Restauradores; a 5 e 6 de Agosto as estações ferroviárias de Moscavide, Sacavém, Bobadela e Santa Iria; e durante todo o evento será relocalizado o terminal da Carris Metropolitana no Marquês de Pombal. Poderá encontrá-lo na Rua Marquês Sá da Bandeira. Os ascensores da Bica, da Glória e do Lavra ficam parados a 1, 3 e 6 de Agosto, mas o Elevador de Santa Justa vai operar como é habitual.

À condição

O impacto das JMJ vai fazer-se sentir na circulação rodoviária, que ficará condicionada em alguns pontos. O aumento de pessoas a circular a pé na via pública é uma das principais razões para os cortes anunciados, que serão postos em prática em duas fases e divididos entre três zonas de restrição à circulação rodoviária: Zona Vermelha, Zona Amarela e Zona Verde. Nos dias 1, 3 e 4 de Agosto, as zonas serão activadas na área circundante ao Parque Eduardo VII e, nos dias 5 e 6 de Agosto, na área do Parque Tejo. A Câmara Municipal de Lisboa fez um esquema simpático para que ninguém seja surpreendido com as barreiras impostas, que pode ser consultado neste endereço.

Publicidade

Parques no eixo

São esperados 4000 autocarros que vão chegar a Lisboa recheados de peregrinos e foi preciso encontrar lugar para os estacionar. Em cima da mesa, chegou a estar o corte do Eixo Norte-Sul para servir de parque de estacionamento, uma ideia entretanto abandonada pela organização. Em substituição desta ideia peregrina, foram identificados dois locais com elevada capacidade de estacionamento: quatro lotes na Alta de Lisboa (840 lugares) e a zona norte do Parque Tejo (1000 lugares). Adicionalmente, haverá mais espaço no Terrapleno de Algés e noutros pontos da cidade com menor capacidade, embora a quantidade faça a força.

Ajudar o próximo

Além da recomendação de teletrabalho entre 31 de Julho e 3 de Agosto para todos os habitantes e trabalhadores da cidade de Lisboa, o município irá conceder tolerância de ponto a todos os seus funcionários no dia 4 de Agosto. O objectivo não é irem descansar com a família e amigos, mas sim poderem participar na jornada. Mas, podemos confessar, haverá certamente laicos a preferirem ficar em casa na paz do senhor.

Publicidade

Uma noite descansada

A afluência é tanta que a organização tem tido dificuldades em encontrar alojamento para tantos peregrinos. Uma das instituições que estendeu a mão foi o Metropolitano de Lisboa, que celebrou uma parceria com o Comité Organizador Paroquial do Alto do Lumiar, cedendo assim, no período de 29 de Julho a 7 de Agosto, um conjunto de instalações que estão actualmente sem uso e que facilitem a pernoita dos participantes. Pertencem ao Parque de Manutenção e Oficinas II, em Calvanas, e incluem vários espaços abertos adjacentes, assim como instalações sanitárias. Além da Diocese de Lisboa, que irá acomodar 73% dos peregrinos inscritos com alojamento, o município de Lisboa também abraça a hospitalidade, cedendo 113 espaços, na sua maioria escolas, além da Casa dos Direitos Sociais, o Pavilhão Desportivo do Alto do Lumiar e a Pista Municipal Moniz Pereira.

Santos festivaleiros

O grande palco das jornadas é no Parque Tejo, num espaço que abandona assim a categoria de aterro sanitário, passando a ser o grande relvado da cidade, com 34 hectares. Mas há muitos (muitos) mais palcos destas jornadas. A programação inclui, por exemplo, o Festival da Juventude, um evento gratuito aberto a todos na cidade de Lisboa, em mais de 100 espaços da cidade, entre auditórios, salas de cinema, teatros, museus, espaços de exposições e igrejas, entre música, conferências, exposições, teatro, dança, cinema, desporto e, claro, eventos religiosos.

Corações ao alto

  • Coisas para fazer

Há quem lhe chame a mais bela invenção de João Paulo II. E, a verdade é que a experiência da primeira edição foi de tal modo marcante para a Igreja, que o Santo Padre decidiu repeti-la no ano seguinte. Nesse segundo encontro, 300 mil jovens dividiram-se entre as igrejas da capital italiana para momentos de oração e catequese, reunindo-se em seguida na praça de São Pedro, no Vaticano, para participar na celebração com o Papa. Ainda nesse ano de 1985, João Paulo II escreve uma Carta Apostólica aos jovens do mundo inteiro e anuncia, a 20 de Dezembro, a instituição da Jornada Mundial da Juventude.

  • Atracções
  • Edifícios e locais religiosos

Há precisamente 120 igrejas para descobrir na cidade. Foi difícil, mas conseguimos escolher os templos católicos que nem o mais convicto ateu pode contornar. Não servem apenas para rezar. As igrejas são odes à arquitectura e guardam muitas histórias entre vitrais, azulejos, pinturas e talhas douradas. Não é possível viver em Lisboa e não conhecer pelo menos estas dez igrejas, sempre de porta aberta para que possa entrar sem pedir permissão à hora que lhe der mais jeito. Siga este roteiro de igrejas em Lisboa para ficar mais perto do céu, sem tirar os pés da terra.

Recomendado
    Também poderá gostar
    Também poderá gostar
    Publicidade