É uma consola deste tempo, em que estamos habituados a jogar em vários contextos e lugares. Com vários títulos exclusivos.
★★★★★
Há quem considere The Legend of Zelda: Breath of The Wild, lançado em 2017, juntamente com a Switch, o melhor videojogo de sempre – recentemente, ficou em primeiro numa lista publicada pela GQ e votada por críticos, criadores e outras sumidades do sector. A escolha é discutível, mas ninguém discute que é o melhor e mais influente jogo da década passada. Evita dar-nos a mão, deixa-nos cometer erros, privilegia a liberdade. Larga-nos num vasto mundo aberto e deixa-nos ir à nossa vida. The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom faz o mesmo. E fá-lo mais e melhor. Não se pode fazer maior elogio a um jogo.
Esta é também a maior crítica que se pode fazer a Tears of the Kingdom. É superlativo, mas sucedâneo; enquanto o clássico de 2017 sublimava o conceito de aventura em mundo aberto, mantendo o fundamental, abdicando do supérfluo, e introduzindo suficientes novidades para se poder falar numa nova linhagem de clones e aventuras pós-Breath of the Wild. Ao mesmo tempo, reimaginava o que podia e devia ser um título da franquia, cortando com o passado e quebrando regras escritas e não-escritas. Já esta continuação não só se mantém colada à fórmula anterior, como recupera velhas ideias que haviam sido descartadas em 2017, retomando e forçando o diálogo com o passado da série.
A história passa-se algum tempo depois do final do anterior capítulo, com a princesa Zelda e o protagonista Link a explorarem uma rede de cavernas subterrâneas, mesmo por baixo do castelo de Hyrule, a meta e o último obstáculo da prequela. É então que Ganon(dorf), o habitual antagonista de The Legend of Zelda, regressa e reconfigura a terra onde se passa a acção, explorada pela primeira vez há seis anos. Não é só o terreno que muda, contudo. Além de Hyrule, desta feita somos convidados a explorar uma série de ilhas no céu e as profundezas escondidas sob o reino, aumentando ainda mais o já vasto mapa.
Narrativamente, o objectivo desta exploração é encontrar a princesa Zelda, que volta a desaparecer; e conseguir toda a ajuda possível para vencer Ganondorf. Mas, do ponto de vista lúdico, a exploração é a sua própria recompensa. À semelhança do antecessor, Tears of the Kingdom pede para ser explorado livremente, e para se tentar combinar e usar tudo o que se encontra pelo caminho. Há inúmeras maneiras de resolver quebra-cabeças e ultrapassar obstáculos, e a maneira como o engenho e a ingenuidade dos jogadores são reconhecidos e recompensados traz à memória Minecraft. Mas é melhor. Mais e melhor.
Disponível para Nintendo Switch
Texto actualizado a 19.06.23: por lapso, esta crítica de videojogos foi publicada sem a respectiva avaliação, publicada na edição de 31 de Maio da Time Out Portugal. Cinco estrelas.