minimalismo
Fotografia: Bench Accounting/ Unsplash
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Menos é mais: descubra porquê e como com estas gurus do minimalismo

Felizes com pouco. E com muito mais tempo e liberdade para as coisas que realmente importam. Descubra os segredos de quatro gurus do minimalismo

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Agora que somos obrigados a estar em casa, olhamos mais para o que temos. E a verdade pode ser aterradora: temos demasiadas coisas. Sim, é tempo de destralhar e aprender a viver com menos. Para o ajudar, falámos com gurus do minimalismo e damos-lhe a conhecer os seus projectos, desde uma oficina de upcycling até uma loja para pais e filhos só com marcas amigas do ambiente e do comércio justo, passando por cursos online para aprender a construir um armário-cápsula ou a passar menos tempo na cozinha. Tudo para lhe mostrar o resultado da conta mais simples: a que diz que menos é mais.

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Menos é mais: descubra porquê e como com estas gurus do minimalismo

1. Alexandra Arnóbio

“Minimalismo, upcycling e sustentabilidade são conceitos que andam sempre de mãos dadas”, defende Alexandra Arnóbio, à conversa com a Time In via telefone nestes dias de pandemia. Começou por fazer upcycling sem se aperceber, sem sequer conhecer a palavra, quando, em 2007, se separou do namorado com quem vivia. “Não tinha possibilidade de comprar coisas novas, então disse aos meus amigos para não deitarem nada fora antes de eu ver”, conta. Em 2018, esta professora de História decidiu mudar de vida e fazer nascer o Era Uma Vez Upcycling Projects. Hoje, é minimalista à séria – vive num T1 com a filha, sem máquina de lavar a loiça ou a roupa e sem microondas – e considera o minimalismo uma forma de “vivermos com aquilo de que temos necessidade”. Entre as vantagens, garante, está a facilidade nas limpezas e na desinfecção. “As pessoas a quem dou formação dizem-me coisas muito engraçadas, que se lembraram de mim ao passar por um caixote do lixo, por exemplo”, conta entre risos. “Aí sei que a minha missão está cumprida”, conclui.

2. Cláudia Ganhão

Se ter de adiar entrevistas – para resolver um problema na internet e pôr o Zoom a funcionar para as aulas dos filhos – for o maior dos seus problemas, “está tudo operacional”. Agora com o marido e os miúdos em casa, descomplicar tem sido um desafio um pouco diferente, mas Cláudia Ganhão é especialista na arte dos T.R.E.S. (Transformar, recomeçar, escolher e simplificar). Porquê e como é o que ensina a outras pessoas através de um pacote mensal de produtos e serviços online para uma vida mais feliz e focada no essencial. “O minimalismo é um processo e é diferente para cada um de nós”, explica pelo telefone a coach certificada, para quem o conceito começou por significar abandonar a indústria farmacêutica, área na qual trabalhou mais de uma década. “O motivo é privado, mas fez-me pôr tudo em perspectiva. Por que é que eu precisava de 15 jogos de lençóis, por exemplo?” Um ano depois, em 2019, a sua nova filosofia de vida passou também a ser o seu trabalho. “A maior vantagem é poder controlar melhor os meus horários.” Equilíbrio é a palavra-chave de todos os cursos leccionados por Cláudia, que vão de construir um armário-cápsula a passar menos tempo na cozinha. É que o minimalismo é tanto sobre ter menos coisas como ter mais tempo para as que verdadeiramente importam. “Focar no que nos é essencial e rejeitar o resto”, resume Cláudia, convencida de que a quarentena, “sem termos de andar a correr de um lado para outro, entre filas de trânsito”, é uma óptima oportunidade para fazer as perguntas que realmente interessam. “Quem é que sou e o que é que quero?”

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3. Mónica Albuquerque

É uma mãe de casa cheia, com três enteadas e dois filhos, mas Maria do Mar é outro parto – ou melhor três, todos em Alvalade. Fotogénicas, coloridas e cheias de boa energias, as “irmãs” são lojas para pais e filhos, só com marcas amigas do ambiente e do comércio justo. Numa aliança entre minimalismo e funcionalidade, a oferta de mobiliário, decoração, produtos de puericultura, brinquedos e roupa é escolhida a dedo para “cool kids” autónomos. “A pilha do brinquedo tem de ser a criança: o que hoje é apenas um bloco amanhã é um bloco de construção e mais tarde um bloco de equilibrismo”, resume Mónica, defensora férrea da intemporalidade. “Quem diz brinquedo diz mobília. Não me faz sentido ter uma cama impossível de desmontar e voltar a montar ou de se adaptar. As pessoas mudam e os objectos têm de ser capazes de acompanhar essas mudanças, mas também de crescer com elas.” Para a empresária, esta forma de consumir é parte essencial de uma filosofia de vida mais consciente e rica em experiências e aprendizagens. “Como sociedade temos de aprender a escolher melhor e acho que esta fase de isolamento e distanciamento social nos está a mostrar como não há de facto coisas urgentes”, acrescenta. “Urgente é um bebé a nascer. Não é ter aquela carteira ou fazer madeixas. Mas não é uma questão de não comprar.” Mónica explica: “O meu filho mais velho tem apenas três brinquedos e sempre teve apenas três brinquedos, mas vão rodando.” O primeiro triciclo, por exemplo, foi trocado por uma bicicleta de equilíbrio, que no futuro será substituída por uma bicicleta de pedais. “Não faz sentido ter uma frota de veículos em casa, enfiados num buraco cheio de teias de aranha e terra. O que não precisamos temos de reciclar, trocar ou doar.” Esta é a sua principal máxima minimalista, que facilita tudo o resto. Quanto menos tralha, mais fácil é ter tudo em ordem.

4. Joana Guerra Tadeu

“É uma filosofia e um estilo de vida em que temos aquilo de que precisamos para garantir o nosso bem-estar, considerando que tudo além disso é ruído.” Eis a definição de minimalismo de Joana Guerra Tadeu, influencer digital e autora de vários podcasts como o “Puericooltura” e o “Ecocooltura”, que estreia esta semana. Foi o excesso, em diferentes áreas, que vão desde os bens materiais ao trabalho, que a fez despertar de forma consciente para este conceito, algures em 2015. “Minimalismo não é sobre tralha, é sobre valores, e há vários filósofos que defendiam isso. Diógenes acreditava que havia virtude na vida simples, Epicuro dizia que as exigências de manter um estilo de vida extravagante superavam o prazer de participar nela”, descreve. Cinco anos depois, é no perfil de Instagram que mostra diferentes ângulos deste estilo de vida. É conhecida pela série de directos Chá das Cinco, que faz todos os dias, às 17.00, com diferentes temas e convidados. “Comecei antes do Bruno Nogueira”, aponta entre risos. De facto, já entrevistou cerca de 50 pessoas desde que a pandemia chegou a Portugal. Se gostava de saber mais sobre o tema do menos, procure-a: @joanaguerratadeu.

Mais criatividade, por favor

  • Compras

É fácil aprender coisas novas sem sair de casa. Com uma caixa de subscrição para pôr mãos à obra mais fácil ainda. Basta escolher o ofício, encomendar o material e esperar pelo carteiro. Depois de ter tudo a seus pés é uma festa “do it yourself”. Sozinho ou em família, há uma panóplia de coisas para aprender, como treinar a sua caligrafia ou fazer bombas de banho, arte em papel ou encardenação tradicional e japonesa.

  • Coisas para fazer

Há livros para ler e depois há livros para nos pôr a mexer. É o caso dos livros de trabalhos manuais, perfeitos para cultivar a criatividade através de uma ou mais técnicas criativas, desde a arte secular japonesa de dobrar papel até à terapia do tricot, passando também pelo poder criador da destruição. Agora é só decidir que actividade lhe apetece descobrir e praticar.

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  • Coisas para fazer

É possível que por esta altura comece a ficar sem ideias do que fazer por casa. A boa notícia é que têm sido lançados alguns desafios online por pessoas de várias áreas, todos eles gratuitos, para despertar o seu lado mais criativo. E alguns até lhe dão recompensas. Uma motivação extra para lhe dar aquela energia necessária para começar.

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